Acompanhe a cobertura do evento que comemora os 95 anos da Folha com a presença de renomados profissionais da imprensa em oito debates
A Folha celebra seus 95 anos com um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21 e a crise política e econômica brasileira.
O Encontro Folha de Jornalismo é realizado no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo nesta quinta-feira (18) e sexta-feira (19).
Oito mesas, quatro a cada dia, reúnem alguns dos principais profissionais da imprensa brasileira e internacional. Confira a programação completa.
A mesa "Erramos, ex-ombudsmans discutem o direito de defesa" se encerra e abre espaço para o quarto debate do dia.
Junia Nogueira de Sá e Caio Túlio Costa defendem que o conteúdo seja mantido, sob o argumento de que não se deve "reescrever a biografia" dos entrevistados. Tânia Alves afirma que acha possível revisar reportagens antigas em algumas situações.
Vera Guimarães, ombudsman da Folha lembra de situações de pessoas que concedem entrevistas e, anos depois, se arrependem e pedem ao jornal para retirar o conteúdo do ar. Ela diz que o jornal tem uma política de não retirar reportagens do ar, apenas atualizá-las, por exemplo, em situações em que houver novas decisões judiciais.
(Junia Nogueira de Sá, ex-ombudsman da Folha)
Caio Túlio Costa defende ser o papel do ombudsman ouvir todos os leitores do veículo, inclusive os digitais. Vera Guimarães responde que já é difícil atender os milhares de assinantes do jornal impresso, então ouvir os milhões de leitores on-line seria uma "tarefa não hercúlea, mas impossível". Costa rebateu que é necessário haver um "batalhão de ombudsmans" e lembrou um jornal japonês que tinha 16 milhões de leitores e uma equipe de 21 ombudsmans.
(Tânia Alves, ombusdman do jornal cearense "O Povo")
Vera Guimarães, ombudsman da Folha, responde a pergunta da plateia sobre o motivo do cargo, ocupado diversas vezes por mulheres, não ser rebatizado de "ombudswoman". Ela lembra que a palavra original vem do sueco e não tem gênero, pode ser usado tanto para homens quanto mulheres. Mas afirma que a organização internacional de ombudsmans estuda um novo nome para o cargo, ainda sem definição.
(Da esq. para a dir.: Caio Túlio Costa, Tânia Alves, Junia Nogueira de Sá e Vera Guimarães)
A ex-ombudsman da Folha defende que não existem "pequenos erros" porque todos os erros são "grandes tragédias". Ela conta um episódio de sua época no cargo em que uma nota informava sobre um acidente de trânsito e apontava um dos motoristas envolvidos, que morreu, como o culpado pelo acidente. A mulher dele falou com o jornal e exigiu que, pela memória do marido, fosse publicada correção informando que, conforme o boletim de ocorrência, ele não era o culpado. "O que isso vai mudar nas grandes questões? Nada, mas foi uma briga para publicar um 'Erramos' sobre aquela nota."
"As grandes questões corrigidas pelos jornais passam também pelo debate público. Não existe uma manchete errada de um jornal corrigida sem uma outra manchete!", diz Junia.