Acompanhe a cobertura do evento que comemora os 95 anos da Folha com a presença de renomados profissionais da imprensa em oito debates
A Folha celebra seus 95 anos com um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21 e a crise política e econômica brasileira.
O Encontro Folha de Jornalismo é realizado no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo nesta quinta-feira (18) e sexta-feira (19).
Oito mesas, quatro a cada dia, reúnem alguns dos principais profissionais da imprensa brasileira e internacional. Confira a programação completa.
Questionado pela plateia sobre os protestos no país, se eles voltarão um dia com a força que tiveram em 2013, João Wainer diz que, em sua visão, a situação está piorando no Rio de Janeiro. Ele conta que tem feito filmagens em favelas da cidade e percebido que os conflitos com traficantes estão piorando. "Vai ter uma Olimpíada daqui a três meses e tem toque de recolher na Pavuna."
Ela conta, por exemplo, que no Afeganistão ela sentia mais machismo dos soldados europeus do que os extremistas do Talibã. E que, pelo fato de ser mulher, às vezes conseguia acesso a mulheres islâmicas de forma mais fácil do que homens.
Mayte Carrasco diz que ninguém pergunta a um homem como é ser correspondente de guerra e pai ou marido ao mesmo tempo, por isso não fala sobre esse assunto. Para ela, é só uma pessoa seguindo sua profissão.
(Mayte Carrasco, correspondente de guerra espanhola, fala sobre a cobertura de conflitos)
Wainer afirma que cobrir conflitos "perto de casa" é perigoso também. Ele conta uma situação que viveu com um criminoso, que disse que se as fotos que ele tirava fossem publicadas fora do livro a que se destinavam, que ele seria morto. "Falei que tudo bem, mas ele pediu um comprovante de endereço para facilitar o cumprimento do 'acordo'. Depois falou que estava só me testando."
João Wainer, repórter especial da Folha, conta que os casos de violência policial nas manifestações em São Paulo são graves, mas a situação é muito pior na periferia da cidade. "Vivemos uma guerra civil não declarada há muito tempo."
Mayte Carrasco conta que os veículos estão apostando em um jornalismo "low cost", de custo baixo, para cobrir as áreas em conflito. E isso representa um risco cada vez maior aos jornalistas, principalmente os freelancers, pois quando são feridos ou sequestrados nenhuma organização toma conta dos profissionais.
A jornalista espanhola conta que, se no passado apenas 5% das vítimas de guerras eram civis, hoje eles são 90% das vítimas dos conflitos.
Na Síria, diz Carrasco, o principal perigo aos jornalistas que cobriam o conflito era o fato de estarem em territórios dominados por rebeldes contra o regime de Assad. Com isso, sofriam os mesmos riscos da população civil nessas áreas.
"Todos os jornalistas que saímos vivos da Síria, foi por milagre", diz Carrasco. Ela afirma que a nova forma de guerra mudou, não são mais conflitos entre dois Estados como no passado. Agora são diversos grupos diferentes, com recursos diferentes.