Acompanhe a cobertura do evento que comemora os 95 anos da Folha com a presença de renomados profissionais da imprensa em oito debates
A Folha celebra seus 95 anos com um ciclo de debates sobre os desafios do jornalismo no século 21 e a crise política e econômica brasileira.
O Encontro Folha de Jornalismo é realizado no MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo nesta quinta-feira (18) e sexta-feira (19).
Oito mesas, quatro a cada dia, reúnem alguns dos principais profissionais da imprensa brasileira e internacional. Confira a programação completa.
"O que essa gente faz?", questionou Eduardo Giannetti sobre a quantidade de funcionários públicos no país. Para ele, o tamanho da burocracia estatal é um dos problemas nacionais. Ele que percebeu isso em uma ocasião em que estava dando uma palestra em Brasília e, perto do horário do almoço, viu "milhares" de funcionários saindo do Ministério da Educação.
"Eu não vejo a menor perspectiva de uma recuperação neste governo Dilma", diz Giannetti.
Eduardo Giannetti e Samuel Pessôa divergem sobre uma das saídas da crise. Pessôa defende um aumento da carga tributária, ao que é questionado por Giannetti: "Então 36% do PIB é pouco? Quer mais?". Pessôa acredita que é necessário o aumento diante das exigências da legislação nacional, ao que Giannetti defende mudar a legislação, e não se adequar à ela.
(Samuel Pessôa, economista e colunista da Folha, fala sobre a crise)
"Nunca poderíamos imaginar que teríamos um secretário do Tesouro doido", disse Pessôa em referência a Arno Augustin, que ficou no cargo entre 2007 e 2014 e é apontado como um dos criadores das "pedaladas fiscais" do primeiro mandato de Dilma.
Freire questiona os economistas sobre os motivos que levaram à aceleração do descontrole fiscal a partir de 2010. Para Samuel Pessôa, houve um processo de aumento da renda que "amorteceu" o problema até os anos mais recentes, além de haver uma ideologia entre os intelectuais de esquerda de que vivemos em um mundo "sem restrições orçamentárias".
Vinicius Torres Freire, colunista da Folha, questiona se a crise fiscal é mesmo culpa da Constituição de 1988. Para ele, a Carta não determinava necessariamente um aumento inevitável nos gastos públicos, e o problema se acentuou mesmo a partir de 2010.
(O economista Eduardo Giannetti fala sobre a crise no Brasil)
"Brasília vai ter que encolher. O que faltou em 1988 foi levar o modelo federativo até o final. O dinheiro vai ter que ser gasto o mais perto do final", defende Giannetti.
Uma segunda questão de fundo na atual crise do país, segundo o economista Eduardo Giannetti, é de natureza política: a "falência do presidencialismo de coalisão". Exemplo disso, explica, foi o fato da presidente Dilma Rousseff ter feito um "loteamento" dos 39 ministérios entre dez partidos, logo após ser reeleita, e mesmo assim não ter conseguido eleger o presidente da Câmara --quem venceu foi Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que não era o escolhido do Planalto.