O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli prestam depoimento nesta quinta (12) à CPI da Petrobras.
Cunha foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de ter recebido propina referente a um contrato da petroleira. Ele nega e afirma que o governo atuou para que ele fosse alvo da investigação.
Já sobre Gabrielli pesa o fato de ele ter sido presidente da estatal durante parte do período em que a empresa é investigada pela CPI e o fato do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa ter relatado uma operação considerada "suspeita" na compra de uma refinaria em 2007.
Gabrielli disse que "na vida cotidiana" da empresa era quase impossível perceber o pagamento das propinas, porque as licitações funcionavam.
"Onde é que eles dizem que fizeram as negociações ilícitas? Na relação direta com o fornecedor, que partilhou parte do seu ganho com eles, ganhos então legais, dentro dos procedimentos da Petrobras, e eles dividiram isso."
"O que é público do depoimento do senhor Pedro Barusco e do senhor Paulo Roberto Costa é que eles dizem que as comissões de licitações funcionavam corretamente".
Segundo o ex-presidente, o sigilo das licitações era respeitado.
Ele afirma que a Petrobras firma dezenas de milhares de contratos por ano. Segundo ele, não há indícios de vazamento de informações sobre licitações, devido a uma série de regras impostas aos contratos.
Gabrielli afirma que a discussão do conteúdo nacional na produção do petróleo não é exclusiva do Brasil. Segundo ele, o mesmo ocorre em países da Europa e nos EUA, onde, diz o ex-presidente da Petrobras, algumas fases da produção só podem ser feitas por empresas americanas.
O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli durante depoimento à CPI da estatal (Sérgio Lima/Folhapress)
"Só que o custo de produção em campos marginais [fora das áreas mais favorecidas] está em torno de US$ 70", afirmou.
Segundo ele, há situações que favoreceram a extração de gás de xisto nos EUA: uma rede de produção já formada e a descoberta de campos embaixo de gasodutos já existentes, o que barateou o processo.
O ex-presidente da estatal responde a pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), sobre a extração de petróleo nos EUA, por meio de técnica que retira o óleo do xisto.
Gabrielli não nega que as indicações para a diretoria da Petrobras são políticas e afirma: "Critérios que governo adota para escolher diretores são critérios do governo".
"Quando cheguei para presidir a Petrobras os diretores já estavam escolhidos", diz Gabrielli.