O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli prestam depoimento nesta quinta (12) à CPI da Petrobras.
Cunha foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de ter recebido propina referente a um contrato da petroleira. Ele nega e afirma que o governo atuou para que ele fosse alvo da investigação.
Já sobre Gabrielli pesa o fato de ele ter sido presidente da estatal durante parte do período em que a empresa é investigada pela CPI e o fato do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa ter relatado uma operação considerada "suspeita" na compra de uma refinaria em 2007.
Cunha afirmou que se a CPI entender, pode quebrar seus sigilos, mas não colocou à disposição antecipadamente os seus sigilos. "Se a comissão assim o entender que tem qualquer tipo de dúvida e deva promover a abertura dos meus sigilos, o fiscal é de conhecimento público, nós declaramos nas eleições, o sigilo telefônico ou o sigilo bancário, financeiro, a comissão se entender que deve ela deve fazê-lo". A CPI, porém, é comandada pelo próprio Cunha nos bastidores.
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Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, responde aos questionamentos na CPI (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Começa o último bloco de perguntas dirigidas a Eduardo Cunha.
"Por acaso, meu advogado é um ex-procurador-geral da República", diz Cunha sobre Antonio Fernando de Souza, que o representa no caso.
Eduardo Cunha disse que o ministro do STF Teori Zavascki não teve tempo hábil para ler os pedidos de abertura de inquérito da Procuradoria-Geral da República. "Não haveria tempo hábil de ler todas essas peças e proferir decisão em 48 horas, como foi feito".
Em vez de questionar Cunha, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) fez uma defesa inusitada do fato de uma aliada, a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), ter pedido informações sobre contratos de sonda da Petrobras com a Mitsui - requerimentos apontados pelo doleiro Alberto Youssef como forma de pressionar a empresa pela demora no pagamento de propina.
"Não sei as disposições da prefeita de Rio Bonito para fazer os requerimentos, mas a base dela é a região da Comperj. Possivelmente ela tinha alguma motivação a ver com o seu mandato, a ver com sua base eleitoral para que fizesse isso", afirmou, embora não houvesse relação direta entre essas sondas e o Comperj.
Maria do Rosário (PT-RS) diz não acreditar em "politização do procurador-geral da República", embora afirme confiar na inocência de Eduardo Cunha .
"Não é razoável pensar que o PGR esteva fazendo um mero jogo político. Isso não significa que não pode estar errado (...)"
Deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) diz que o pedido do deputado Ivan Valente (PSOL-PT) - de que Cunha abra seus sigilos fiscanl, bancário e telefônico - embute em si mesmo uma condenação.
O deputado do PSOL, Ivan Valente (SP), questiona Cunha se estaria disposto a abrir mão antecipadamente de seus sigilos telefônico, bancário e fiscal, já que compareceu antecipadamente à CPI antes de ser convocado.
Em mais um pronunciamento elogioso, o deputado Silas Câmara (PSD-AM) afirmou saber que Eduardo Cunha é movido "pelo desejo de mudar o país".