A Folha promove nesta segunda (21) e terça-feira (22), com o patrocínio da Clua (Climate and Land Use Alliance), o Fórum Desmatamento Zero, que discutirá propostas e estratégias para eliminar o desmatamento no Brasil e a emissão de gases de efeito estufa causada por ele.
O seminário reúne 21 convidados para as palestras e debates. Participam das dicussões Maria Lúcia de Oliveira Falcón, presidente do Incra, Raimundo Deusdará Filho, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro e Thelma Krug, assessora de Cooperação Internacional do Inpe, entre outros nomes.
Os temas principais são o conceito de desmatamento ilegal zero defendido pelo governo federal, as metas brasileiras para a Conferência do Clima em Paris e o papel das cadeias produtivas –pecuária à frente– na eliminação do desflorestamento, além da exploração ilegal de madeira.
Os debates e palestras acontecem no Tucarena (rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes), das 9h às 13h.
"Os 'players' pensam, por exemplo, que a intensidade das emissões da Índia, cujos compromissos em redução são fracos, acabam por drenar os esforços em redução desses países", afirma o professor.
"No segundo nível, formado por Rússia, Japão, Arábia Saudita, Turquia, Irã, Brasil, Coreia do Sul, entre outros, são mais conservadores quanto ao orçamento do carbono no mundo."
"A Índia está abrindo hoje termelétricas horríveis, similares às que a China está fechando."
Sobre a China, Viola afirma que o país está longe do necessário para que tenha um comportamento responsável no orçamento global do carbono. No entanto, com a desaceleração econômica do país asiático, haverá um impacto nas emissões de carbono.
De acordo com Viola, o centro do sistema do ciclo do carbono é formado por EUA, China, União Europeia e Índia, que são os grande emissores do mundo.
"Nos Estados Unidos, o gás de xisto passou a ser queimado nas termelétricas, mas reduziu as emissões de carbono do país porque é menos intensivo que o petróleo", diz Viola.
"No petróleo, temos agora um cenário de preço barato. Caso se consolidar o acordo entre Irã e Estados Unidos, uma nova fonte de óleo irá irrigar o mundo."
"Há um avanço real da humanidade a partir de 2008, mas está longe do ideal", diz Viola. "O problema da mudança climática envolve o longo prazo, ao passo que o ciclo de negócios e político é de curto prazo, o que cria uma contradição e limita o sistema de governança."
"Entre 1990 e 2008, tivemos o período mais expressivo de intensidade de carbono, o que é uma contradição, pois, em 1992, começou a se pensar em descarbonizar a economia."
Viola diz que é preciso entender a dinâmica dos players internacionais. Dos 200 países da ONU, diz, poucos são responsáveis pelas mudanças climáticas e podem resolver o problema. Os demais são os que mais sofrem.