Este ‘past blogging’ revive os principais momentos da derrubada do presidenteJoão Goulart e do início da ditadura militar. Os horários equivalem ao que acontecia 50 anos atrás. A narrativa começa às 21h30 de 30.mar.1964 e termina em 2.abr.
EUA. A Operação Brother Sam, orquestrada pelo governo americano, prevê uma esquadra para dar apoio aos militares. As seis embarcações trazem um porta-aviões, um porta-helicópteros, 110 toneladas de munição e quatro petroleiros com 553 mil barris de combustível.
Rio. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Pery Bevilacqua, entrega ao presidente João Goulart um documento em que denuncia o risco da “ignomínia de uma ditadura comuno-sindical”. Diz a também que é possível “restabelecer a necessária confiança” das Forças Armadas caso ele tome algumas atitudes afirmativas, ou seja, propõe derrubadas ministeriais e política de combate às greves.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Pery Bevilacqua (Acervo UH/Folhapress).
Rio. O ex-presidente Juscelino Kubitschek também tenta convencer Jango a romper com os movimentos de esquerda e sindicatos para acalmar as Forças Armadas.
Juscelino Kubitschek ao lado de Jango durante uma inauguração em Brasília em 1960 (AFP).
Brasília. O deputado Francisco Julião, simpático ao governo, diz que “a vontade do povo prevalecerá, com Congresso ou sem Congresso”. O deputado Guerreiro Ramos e o líder do governo no Senado, Arthur Virgílio, também defendem o presidente.
Brasília. O coronel americano Vernon Walters informa a Washington que o golpe no Brasil corre o risco de não ocorrer por falta de apoio do Exército de São Paulo. Walters participou ativamente das articulações contra João Goulart, mantendo contato contínuo com o embaixador Lincoln Gordon e com Castello Branco, a quem conhecia da 2ª Guerra Mundial, quando foi oficial de ligação entre FEB e o Exército norte-americano.
O embaixador dos EUA Lincoln Gordon condecora Vernon Walters.
São Paulo. O general Amauri Kruel, chefe do Exército paulista, é pressionado a aderir ao golpe. Ele telefona para Jango e pede que o presidente rompa com a esquerda e que demita os ministros da Justiça, Abelardo Jurema, e o da Casa Civil, Darcy Ribeiro (os dois são identificados como os mais radicais do governo). Jango responde: "General, eu não abandono os meus amigos. Se essas são as suas condições, eu não as examino. Prefiro ficar com as minhas origens. O senhor que fique com as suas convicções. Ponha as tropas na rua e traia abertamente".
O general Amaury Kruel (Acervo UH/Folhapress)