O ministro Guido Mantega (Fazenda) presta esclarecimentos na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Mantega explicará as supostas advertências que teria feito ao governo em 2008 sobre possíveis prejuízos com compra da refinaria
Guido Mantega Em relação ao reajuste dos preços de combustíveis estamos aplicando. Eu ainda não li a entrevista de Aloizio Mercadante porque estava me preparando para a audiência.
Guido Mantega A gasolina tem tido aumentos todo o ano no Brasil. Para atingir a meta do preço internacional, quando se tem uma variação cambial, é mais difícil. Todos os anos a gasolina subi até mais que a inflação. Em média, temos dois reajustes por ano. Em abril do ano passado foi aumentado a gasolina e o diesel. O que desalinha é o câmbio. Não é recomendável que se faça o reajuste correndo atrás do câmbio. Precisa esperar passar essa turbulência, essa volatilidade, para se alinhar preços. O diesel até ficou mais caro no Brasil do que lá fora. Em não falo em aumento de preço. Não se deve anunciar o aumento porque mexe com o mercado. Deve-se aplicá-lo.
Folha Explica A Standard & Poor's cortou a nota do Brasil de "BBB" para "BBB-" (a mesma da Espanha e das Filipinas). De acordo com Standard, a deterioração das contas públicas, a perspectiva de baixo crescimento e a piora no deficit nas transações com o exterior levaram a a agência a reduzir a avaliação do Brasil. As outras empresas de rating (Moody’s e Fitch) mantiveram o rating. A agência Fitch disse esperar que o próximo governo brasileiro apoie sua classificação de crédito realizando ajustes de política que melhorem o desempenho fiscal e a confiança dos investidores. O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) havia comentado sobre o Chile e a Bolívia.
Guido Mantega Em momento de turbulência internacional continuamos com fluxo de investimento direto, há uma confiança do investidor estrangeiro no Brasil. A agência tem todo o direto de acreditar que não vamos entregar o primário em 1,9%. Aí é uma questão de avaliação que ela tem. As demais empresas de rating mantiveram o Brasil em situação confortável. Faço a comparação como G20 porque é o mais relevante. Os países que o sr. mencionou não fazem parte do G20.
Guido Mantega Vou quebrar minha sequencia lógica e vou responder ao deputado Mendonça Filho (DEM-PE). Mantega relembra o que foi dito sobre a reportagem da revista “Veja” que afirma que o ministro Luís Inácio Adams, então procurador-geral da Fazenda, enviou ofício a Erenice Guerra (na época era secretária-executiva da Casa Civil) pedindo que a ata da reunião do Conselho de Administração da Petrobras incluísse duas ressaltas. O ministro lembra que a primeira, que a cláusula Marlim que garantia a rentabilidade mínima a Astra em caso em que fosse implantado o revamp (parque de refino). Na prática não teve eficácia. A outra ressalva informava sobre a abertura de auditoria pela diretoria da Petrobras para apurar eventuais prejuízos na compra da refinaria de Pasadena (EUA), além de possíveis falhas.
Os parlamentares presentes discutem sobre o formato adotado para a audiência. Guido Mantega afirma que vai responder a todas as indagações.
O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) interrompe a fala de Mantega e questiona o ministro sobre a cláusula Marlim.
Folha Explica O grupo belga Astra, de quem a Petrobras comprou metade da refinaria em 2006 por US$ 360 milhões, aí incluídos estoques de petróleo, sugeriu ao então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli recomprar a fatia na empresa, em 2007. Na época, os dois sócios começaram a divergir sobre os planos para investir na unidade. A informação consta de depoimentos dados por executivos do Grupo Astra à Associação Americana de Arbitragem, aos quais a Folha teve acesso. O tribunal foi um dos que julgaram a disputa entre as sócias entre 2008 e 2012. No final, após uma batalha judicial encerrada em 2012, a Petrobras acabou pagando US$ 885 milhões pelo resto da refinaria.
Guido Mantega Não estive diretamente no Conselho da Petrobras quando houve a compra de Pasadena. Estava no conselho quando foi proposta a aquisição da segunda metade. Nesse ponto, eu fui contrário. O conselho como todo não aprovou a compra da segunda metade. A demanda de petróleo e de refinados estavam em expansão. A Petrobras queria uma entrada no mercado americano para colocar o petróleo refinado brasileiro nos Estados Unidos. Naquela ocasião, não considerei conveniente. Aliás, todo o conselho. Chegamos a conclusão de que não deveríamos fazer a aquisição. Foi o Tribunal de Arbitragem que nos fez fazer a aquisição.
Após as perguntas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) começar a responder as perguntas dos parlamentares.