As manifestações convocadas para esta quinta-feira (20) por movimentos sociais que se opõem ao impeachment de Dilma Rousseff defenderam a presidente, mas atacaram o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Em São Paulo, os manifestantes, que se reuniram no largo da Batata (região oeste), vão até o Masp, na av. Paulista. Os protestos ocorreram nas capitais de 24 Estados, além do Distrito Federal. Apenas Rio Branco (AC) e Macapá (AP) não tiveram atos.
Já era previsto que as mobilizações criticassem medidas tomadas como o ajuste fiscal e a Agenda Brasil, pacote de medidas propostas pelo PMDB do Senado.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores), a UNE (União Nacional dos Estudantes) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) estão à frente das manifestações, mas foram às ruas com pautas diferentes.
Ligadas historicamente ao PT, CUT e UNE protestam contra os pedidos de impeachment de Dilma. Para o MTST, a prioridade é criticar o ajuste fiscal e a Agenda Brasil.
Em várias cidades os manifestantes pediam, ao mesmo tempo, a saída do ministro da Fazenda e do presidente da Câmara: "Fora já, fora daqui, Eduardo Cunha, leva o Levy", era um dos gritos de ordem.
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RIO (RJ) - Manifestantes começam a se deslocar para a av. Rio Branco com destino à Cinelândia. Com as bandeiras em riste, gritam: "Não vai ter golpe."
Além de bandeiras do PT e PCdoB, é forte a presença de sindicatos. CUT E CTB predominam. Petroleiros (Sindipetro e FUP), comerciários, metalúrgicos (Sindimetal) e funcionários da UFRJ (Sintufrj) comparecem em grande número.
CUIABÁ (MT) - O ministro Joaquim Levy (Fazenda) é um dos alvos da manifestação em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) em Cuiabá. Aos gritos de "Fora Levy", um grupo de estudantes que se denomina "Juventude e Revolução" trouxe uma faixa na qual critica o ajuste fiscal defendido pelo ministro.
"Estamos aqui para defender a democracia e também para sugerir à presidente uma saída para a crise. Uma saída à esquerda, exatamente o contrário do que quer o ministro Levy. Ele representa o imperialismo", disse Matheus Ribeiro, 17, um dos coordenadores do movimento.
João de Deus da Silva, diretor do Sindsepe (Sindicato dos Servidores Públicos Federais), afirmou que o movimento é em "defesa da democracia".
"É preciso respeitar a vontade do eleitor. Do contrário, é golpe e não iremos aceitar", disse. O sindicalista afirmou que a presença do sindicato na manifestação não significa "endosso" a todas as medidas adotadas pelo governo federal.
"O projeto de terceirização, por exemplo, somos radicalmente contra".
SÃO PAULO (SP) - No largo da Batata, aglomeração cresce sob ameaça de chuva | Foto: Graciliano Rocha/Folhapress
SALVADOR (BA) - Em Salvador, uma multidão ocupa a praça Castro Alves neste final de tarde sob o comando de dois mini trios elétricos.
No chão, cerca de 6.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, acompanham o protesto. A organização fala que entre 10 mil e 30 mil pessoas participam do ato, entre sindicalistas e membros dos movimentos negro, estudantil e de luta pela moradia.
Do alto do trio, militantes discursam em defesa da permanência da presidente Dilma no cargo, mas atacam o ajuste fiscal. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi chamado de "inimigo número um dos brasileiros".
O ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo) comparou o protesto com as manifestações contra a presidente no último domingo.
"A diferença é que esta é a turma que trabalha, é a turma organizada dos trabalhadores e estudantes", afirmou. "Agora, eles [manifestantes pelo impeachment] vão ficar com medo de voltarem as ruas".
SÃO PAULO (SP) - Seis carros de som estão posicionados à espera do início do ato, e cerca de metade da área do largo da Batata está ocupada pelos manifestantes, que ainda chegam de ônibus ou pelas estações Faria Lima, do metrô, e Pinheiros, de trem.
SÃO PAULO (SP) - Estudantes protestam também contra a PM paulista, pelo o que chamam de "genocídio do jovem pobre". Há distribuição de adesivos contra o ajuste e com a estrela do PT, além de bandeiras do partido | Alexandre Aragão/Folhapress
BRASÍLIA (DF) - Em Brasília, manifestantes ligados a sindicatos e movimentos sociais estão reunidos próximo ao Conic, um centro comercial popular, para "defender a democracia, os direitos da classe trabalhadora, a soberania nacional e as instituições públicas", segundo Rodrigo Rodrigues, secretário-geral da CUT no Distrito Federal.
Às 17h, Rodrigues estimava a participação de cerca de 200. A previsão era chegar a mil. O grupo sairá do Conic e irá até a rodoviária fazer panfletagem.
"Não é um ato pró-Dilma, temos críticas a algumas medidas do governo, principalmente na política econômica. Mas isso não abre espaço para a tentativa de golpe que estão discutindo", disse Rodrigues.
SÃO PAULO (SP) - Presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, compara Dilma com início do governo Lula em 2003: "O Lula pegou uma situação econômica crítica, mas apostou logo na produção e no emprego. É o que a Dilma não esta fazendo agora. A chamada Agenda Brasil é terrível para os trabalhadores." O sindicalista marcou posição anti-impeachment: "Uma coisa é estarmos na rua para pedirmos outros rumos pro governo, outra, bem diferente, é não respeitar o resultado da eleição."
GOIÂNIA (GO) - Manifestantes começam a se reunir na praça do Bandeirante, no centro de Goiânia, na tarde desta quinta-feira (20).
Organizado por entidades como CUT, MST e sindicatos, além de partidos de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o ato foi marcado para às 17h contra "uma agenda atrasada que ameaça a democracia" no país, segundo Mauro Rubens, presidente da CUT no Estado.
São esperadas 500 pessoas, de acordo com o dirigente. Para ele, não há razões para o afastamento de Dilma do cargo, como pregam os grupos que protestaram pelo Brasil no último domingo (16).
SÃO PAULO (SP) - O largo da Batata não está completamente tomado. Lojas estão fechadas, mas bares funcionam e manifestantes aproveitam | Foto: Alexandre Aragão/Folhapress