João Vaccari Neto afirmou nesta quinta-feira (9), em depoimento à CPI da Petrobras, que ainda tem apoio interno para continuar tesoureiro do PT e negou as acusações de corrupção. Ele ainda confirmou conhecer Alberto Youssef, delator no processo da Lava Jato, mas sem manter com o doleiro uma relação próxima.
Vaccari disse que as delações premiadas que o acusam de envolvimento com o esquema na Petrobras não são verdadeiras. Negou ter tratado de doações ao partido com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco.
Ele também negou que tenha tratado com o delator na Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, sobre assuntos financeiros do PT, e admitiu encontros com representantes de empresas para pedir doações ao partido, mas afirmou que se tratavam de visitas institucionais.
"É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça visitas institucionais à empresa na busca de recursos", declarou.
O depoimento começou em meio a um tumulto por conta de uma caixa de ratos solta logo após a entrada do petista.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor Márcio Martins de Oliveira, identificado como o autor do ato. Ele está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR).
Os deputados retomam a CPI.
Questionado se o PT está envolvido com o esquema de corrupção na Petrobras, Vaccari foi enfático e economizou a resposta: "Não".
Vaccari se nega a revelar o valor do seu salário como tesoureiro do PT. "Sou remunerado pelo PT. O valor faz parte do sigilo do meu Imposto de Renda."
Também criticou questionamentos sobre seu salário na Itaipu Binacional, que ele já havia dito ter sido de R$ 20 mil.
"A Itaipu Binacional tem um conselho de administração desde sua fundação, em 1973, são doze membros e todos recebem os mesmos salários. O que me estranha é o seu questionamento sobre o meu vencimento", disse ao deputado Altineu Côrtes (PR-RJ).
Demonstrando mais uma vez irritação com congressistas que questionam sobre sua ida ao escritório do doleiro Alberto Yousseff, Vaccari afirmou que a reunião foi solicitada por ele e através de terceiros, mas se negou a revelar o emissário.
"Alberto Yousseff mandou um recado para que fosse ao escritório dele. Não marcou data. Lá compareci, ele não estava e fui embora", disse.
Ao longo do depoimento, ele confirmou que conhecia Yousseff, mas negou que tenha tratado de contribuições ao PT. O tesoureiro contou ainda que esteve uma única vez na empresa do doleiro, permanecendo por menos de quatro minutos porque ele não se encontrava.
Vaccari afirmou aos deputados que não tem intimidade nem com a presidente Dilma Rousseff nem com o ex-presidente Lula.
"Eu só disse a verdade", afirmou o tesoureiro do PT aos deputados da CPI. O depoimento já dura quase oito horas.
"Eu vim aqui, convocado fui, compareci, respondi as indagações, fiz esclarecimentos pertinentes e durante todo período só disse a verdade", disse.
Vaccari aproveitou para repetir a frase que mais usou durante seu depoimento. "Os termos das delações sobre mim não são verdadeiros",completou.
Em suas considerações finais, Vaccari foi breve e agradeceu aos membros da comissão. Depois de quase oito horas de sessão, o depoimento de Vaccari foi encerrado.