João Vaccari Neto afirmou nesta quinta-feira (9), em depoimento à CPI da Petrobras, que ainda tem apoio interno para continuar tesoureiro do PT e negou as acusações de corrupção. Ele ainda confirmou conhecer Alberto Youssef, delator no processo da Lava Jato, mas sem manter com o doleiro uma relação próxima.
Vaccari disse que as delações premiadas que o acusam de envolvimento com o esquema na Petrobras não são verdadeiras. Negou ter tratado de doações ao partido com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco.
Ele também negou que tenha tratado com o delator na Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, sobre assuntos financeiros do PT, e admitiu encontros com representantes de empresas para pedir doações ao partido, mas afirmou que se tratavam de visitas institucionais.
"É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça visitas institucionais à empresa na busca de recursos", declarou.
O depoimento começou em meio a um tumulto por conta de uma caixa de ratos solta logo após a entrada do petista.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor Márcio Martins de Oliveira, identificado como o autor do ato. Ele está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR).
Vaccari diz que o partido não recebe doações via caixa dois (sem registro oficial).
"Todas as doações que nós recebemos são escrituradas, são feitas via transações bancárias e são prestadas contas ao TSE. Este tem sido o procedimento desde que eu sou o tesoureiro em 2010", afirmou.
O tesoureiro disse que o PT não tem imóveis e que os automóveis são leasing. "Não temos aviões, temos sim material de escritório."
Vaccari nega que tenha tratado de doações e da situação financeira do PT com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores do esquema de corrupção da Petrobras.
"Nunca tratei do assunto de doações financeira com Paulo Roberto Costa e nunca discuti assunto financeiro do PT. Estive com ele uma vez num jantar, quando fomos apresentados. Foi por volta de 2010 e foi a única vez que estive com ele e nunca mais tive nenhum contato."
Vaccari nega que tenha tratado de doações e da situação financeira do PT com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores do esquema de corrupção da Petrobras.
"Nunca tratei do assunto de doações financeira com Paulo Roberto Costa e nunca discuti assunto financeiro do PT. Estive com ele uma vez num jantar, quando fomos apresentados. Foi por volta de 2010 e foi a única vez que estive com ele e nunca mais tive nenhum contato."
Questionado sobre se conhecia o ex-diretor Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco, apontados como intermediários da propina da Petrobras ao PT, Vaccari admitiu que os conhecia, mas disse que nunca tratou sobre as finanças do partido com eles.
Vaccari também admitiu conhecer o executivo da Camargo Corrêa Eduardo Leite e disse que pediu doações à empresa.
"Conheci o senhor Eduardo Leite nestas visitas institucionais na busca de captação de recursos e tratei com ele nessas vezes sobre doações de recursos, considerando que o grupo econômico dele não vinha fazendo contribuições ao PT e era um grupo importante doador para vários outros partidos. Ele me encaminhou então a quem de direito e daí pra frente tivemos pequena evolução na arrecadação desse grupo econômico", afirmou.
O tesoureiro do PT negou que tenha intimidade ou discutido questões financeiras com os ex-presidentes da Petrobras Graça Foster e José Sérgio Gabrielli. "Nunca estive com Graça Foster. Nunca estive, nunca cumprimentei a senhora Graça Foster."
Sobre Gabrielli: "Durante todo o período em que foi presidente da Petrobras, encontrei uma vez na atividade do partido, jamais estive com ele tratando de assunto financeiro".
Sobre o doleiro Alberto Youssef, que chegou a dizer ter entregue dinheiro na sede do PT para Vaccari, o tesoureiro disse que o conheceu "casualmente" e que não tem relacionamento, nem tratou sobre assuntos do PT.
O petista negou proximidade com Ricardo Pessoa, presidente licenciado da UTC Engenharia. Ele disse que os contatos são institucionais. "Ricardo Pessoa é contribuinte aos partidos político e ao PT."
Segundo delatores da Lava Jato, como o executivo Augusto Mendonça, Pessoa era o coordenador do "clube" que decidia que empreiteiras iriam ficar com as obras da Petrobras.
Vaccari afirmou que esteve uma única vez na empresa do doleiro Alberto Yousseff. Segundo o petista, permaneceu por menos de quatro minutos no prédio porque o doleiro não estava.
"Estive uma única vez [na empresa], na qual ele convidou. Fui e ele não estava e fui embora."
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto (ao centro, de barba), na chegada à CPI (Pedro Ladeira/Folhapress)
Questionado sobre Julio Camargo, que foi consultor da Setal e também é delator da Lava Jato, Vaccari confirmou contato com ele para pedir doações.
"Eu conheço o senhor Julio Camargo, como eu disse antes, na minha função, buscar recursos financeiros para atividade partidária e eleitoral. Mantive contato com o senhor Julio Camargo, ele fez contribuições ao PT, na conta dos deputados, não fez na conta do diretório nacional. Fizemos solicitações a ele e ele preferiu fazer então as doações aos deputados e aos senadores", disse.