João Vaccari Neto afirmou nesta quinta-feira (9), em depoimento à CPI da Petrobras, que ainda tem apoio interno para continuar tesoureiro do PT e negou as acusações de corrupção. Ele ainda confirmou conhecer Alberto Youssef, delator no processo da Lava Jato, mas sem manter com o doleiro uma relação próxima.
Vaccari disse que as delações premiadas que o acusam de envolvimento com o esquema na Petrobras não são verdadeiras. Negou ter tratado de doações ao partido com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco.
Ele também negou que tenha tratado com o delator na Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, sobre assuntos financeiros do PT, e admitiu encontros com representantes de empresas para pedir doações ao partido, mas afirmou que se tratavam de visitas institucionais.
"É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça visitas institucionais à empresa na busca de recursos", declarou.
O depoimento começou em meio a um tumulto por conta de uma caixa de ratos solta logo após a entrada do petista.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor Márcio Martins de Oliveira, identificado como o autor do ato. Ele está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR).
Vaccari é perguntado sobre seu apelido, "Moch".
"É porque eu uso uma mochila. Como vários usam uma mochila."
— SUPER FIGHTING ROBOT (@Nubobot42) April 9, 2015
O deputado petista Valmir Prascidelli (SP) criticou a ação dos ratos. "Aqueles que soltaram ratos aqui podem ser muito mais ratos do que aqueles que foram soltos".
Sou só eu ou o Vaccari se incriminou ao admitir q Moch na lista do Barusco é ele mesmo?
— rodrigo felicio (@rodrigoff2014) April 9, 2015
Ao todo, são cinco os animais soltos na CPI. O deputado Ricardo Izar (PSD-SP) solicitou para ficar com eles. Segundo o deputado, foram soltos dois esquilos da mongólia, dois ratos cinzas e um hamster.
Izar é da frente parlamentar em defesa dos animais.
João Vaccari diz que foi ao escritório de Youssef, mas que ele não estava lá. Ó dia, ó azar!
— Frank Zappa Jr (@Frankzappajr) April 9, 2015
Questionado por Carlos Sampaio (PSDB-SP), Vaccari volta a confirmar que esteve no escritório de Youssef. Ele ressaltou, porém, que ficou lá apenas quatro minutos e o doleiro não estava, indo embora logo depois. Segundo Vaccari, a visita ocorreu porque Youssef o havia convidado. O tesoureiro não deu mais detalhes.
Com Vaccari recorrendo várias vezes a duas frases para dar respostas, o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), subiu o tom: "Não sou moleque para ficar perdendo tempo com respostas assim. É muito objetiva a pergunta", disse o tucano questionando sobre a intimidade do petista com o Pedro Barusco.
Depois do mal-estar, ele disse que não tem intimidade com Barusco.
Ao longo do depoimento, Vaccari tem repetido reiterada vezes que "os termos não são verdadeiros" e que todas as doações foram registradas na Justiça Eleitoral.
Deputados batem boca quando Carlos Sampaio (PSDB-SP) questiona a Vaccari se foi indicado para o cargo de tesoureiro por seu histórico "criminoso", em referência à denúncia de 2010 contra Vaccari de desvio de dinheiro de uma cooperativa de crédito habitacional para campanhas eleitorais.
Petistas rebateram e disseram que Vaccari não foi condenado. "Cadê a sentença?", questionou Leo de Brito (PT-AC).
Diante do bate-boca, o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), que tem 25 anos, deu uma lição de moral nos parlamentares: "Será que os eleitores de vossas excelência estão satisfeitos em ver esse comportamento?".