João Vaccari Neto afirmou nesta quinta-feira (9), em depoimento à CPI da Petrobras, que ainda tem apoio interno para continuar tesoureiro do PT e negou as acusações de corrupção. Ele ainda confirmou conhecer Alberto Youssef, delator no processo da Lava Jato, mas sem manter com o doleiro uma relação próxima.
Vaccari disse que as delações premiadas que o acusam de envolvimento com o esquema na Petrobras não são verdadeiras. Negou ter tratado de doações ao partido com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco.
Ele também negou que tenha tratado com o delator na Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, sobre assuntos financeiros do PT, e admitiu encontros com representantes de empresas para pedir doações ao partido, mas afirmou que se tratavam de visitas institucionais.
"É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça visitas institucionais à empresa na busca de recursos", declarou.
O depoimento começou em meio a um tumulto por conta de uma caixa de ratos solta logo após a entrada do petista.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor Márcio Martins de Oliveira, identificado como o autor do ato. Ele está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR).
O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI, e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, durante depoimento na CPI da Petrobras. (Foto: Beto Barata/Folhapress)
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O presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), informa que ainda há 38 deputados inscritos para falar na CPI.
"Eu nunca fui à Petrobras", disse Vaccari, após ser questionado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) com que frequência ia à estatal.
Vaccari afirma que a condução coercitiva à qual foi submetido pela Polícia Federal para prestar depoimento foi "desnecessária". "Na minha opinião foi desnecessária porque eu tinha insistentemente me colocado à disposição das autoridades."
Quero uma acareação entre João Vaccari, Alberto Youssef, Renato Duque, Pedro Barusco e do Paulo Roberto Costa. #CPIdaPetrobras
— Onyx Lorenzoni (@onyxlorenzoni) April 9, 2015
Em depoimento à Polícia Legislativa, o servidor que soltou ratos na sala da CPI negou as acusações e afirmou estar sendo vítima de um equívoco.
O Depol solicitará imagens do circuito interno de TV da Câmara dos Deputados para verificar o que ocorreu durante a audiência. Márcio Oliveira, que será demitido, foi liberado após assinar um termo de compromisso, assegurando que se apresentará à Justiça quando convocado.
O funcionário deverá responder legalmente por tumulto em ato público --uma contravenção penal, ato considerado de menor poder ofensivo.
Provocado pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB), Vaccari reagiu irritado. "Delação não é prova", afirmou.
"De finanças, a gente sabia que o senhor entendia. Agora, também sabemos que entende de planejamento. O senhor está sendo denunciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha. E toda quadrilha precisa de alguém para cuidar do planejamento. Foi muito bem escolhido para o cargo", disse o deputado.
O congressista rebateu: "mas prova testemunhal existe e é prova".
O petista reafirmou que as delações não tem valor judicial. "Delação não é prova. Elas não são verdadeiras e não aceito as ofensas que o senhor fez a minha pessoa", disse.
Vaccari reafirma que é comum procurar empresas com pedidos de doações. "É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça contatos institucionais com empresas, com pessoas jurídicas, com pessoas físicas na busca de captar recursos para doação eleitoral ou doação partidária".
A sessão da CPI foi interrompida por alguns minutos.