João Vaccari Neto afirmou nesta quinta-feira (9), em depoimento à CPI da Petrobras, que ainda tem apoio interno para continuar tesoureiro do PT e negou as acusações de corrupção. Ele ainda confirmou conhecer Alberto Youssef, delator no processo da Lava Jato, mas sem manter com o doleiro uma relação próxima.
Vaccari disse que as delações premiadas que o acusam de envolvimento com o esquema na Petrobras não são verdadeiras. Negou ter tratado de doações ao partido com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco.
Ele também negou que tenha tratado com o delator na Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, sobre assuntos financeiros do PT, e admitiu encontros com representantes de empresas para pedir doações ao partido, mas afirmou que se tratavam de visitas institucionais.
"É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça visitas institucionais à empresa na busca de recursos", declarou.
O depoimento começou em meio a um tumulto por conta de uma caixa de ratos solta logo após a entrada do petista.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor Márcio Martins de Oliveira, identificado como o autor do ato. Ele está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR).
Seguranças retiram da sessão da CPI da Petrobras suspeito de ter liberado ratos assim que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, chegou ao local. (Pedro Ladeira/Folhapress)
Vaccari afirmou que não tem conta no exterior. "Tenho apenas uma conta corrente e um cartão de crédito no Brasil."
Em relação aos contados com empresas, ele admitiu ter conversado sobre doações com a Galvão Engenharia e com a Jaraguá Equipamento, investigadas no esquema de corrupção da Petrobras.
"Em 2011, eu estive com executivos da Jaraguá buscando capitação de recursos, conversando sobre necessidade de fortalecimento de estrutura partidária. Foi uma visita positiva e não tive sequer outra notícia sobre Jaraguá."
Sobre a Galvão Engenharia afirmou: "É usual que o secretário de Finanças do PT faça visitas a empresas na busca de recursos partidários eleitorais. Estive falando com o presidente do conselho de administração. Depois, não tenho notícias [ da empresa]."
Papo de amigos #CpiDaPetrobras João Vaccari e o Relator. Quero ver o circulo pegar fogo depois que a troca de afagos acabar.
— Thiago Kayo (@ThiagoKayo) April 9, 2015
Questionado pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) sobre uma possível saída do cargo de tesoureiro, Vaccari afirmou que a sua permanência no cargo não é uma decisão pessoal dele, mas do seu partido.
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), criticou correligionários que pedem a saída do tesoureiro e disse que há um movimento que se transformou em " verdadeira obsessão" para tentar "criminalizar as finanças do partido".
"O petista que disser isso está fora do eixo. Isso é um absurdo e será uma pré-condenação. Ele só sai se provarem alguma coisa. Se está com a consciência tranquila, é o que basta", disse.
Segundo a Folha apurou, ex-presidente Lula está entre os que defendem o afastamento imediato de Vaccari e tem dito a aliados que, se permanecer no cargo, o tesoureiro não consegue nem se defender nem ajudar o partido.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro é outro petista que já defendeu que Vaccari não pedir seu afastamento do cargo, o comando nacional do partido deve fazê-lo preventivamentedeve fazê-lo preventivamente.
O tesoureiro do PT desconversou sobre a pergunta do deputado Bruno Covas (PSDB-SP) se estaria disposto a participar de uma acareação com o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que o acusa de ter recebido dinheiro do esquema.
"Não tenho determinantes sobre essa questão. Não depende da minha vontade", afirmou.
Covas reagiu: "Não é A,B,C ou D. É sim ou não, simples."
Vaccari não respondeu: "Sempre me coloquei à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos."
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração
do servidor da Casa que soltou uma caixa com seis ratos provocando um tumulto no plenário da CPI da Petrobras.
O funcionário foi identificado como Márcio Martins de Oliveira e está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR). Ele é servidor comissionado, contratado por indicação política, ocupando a função de assistente de gabinete desde 9 de março e recebe salário mensal de R$ 2.300.
Neste momento, Oliveira está no Departamento da Polícia Legislativa prestando esclarecimentos.
Questionado por Bruno Covas (PSDB-SP) sobre o pagamento feito por Youssef a Marice, cunhada de Vaccari, relatado pelo doleiro em sua delação, Vaccari disse apenas que mantém uma relação "estritamente familiar" com ela, sem comentar sobre o repasse.
Sobre sua saída do PT, disse que tem apoio para permanecer no cargo. "Até o dia de hoje, a avaliação que eu tenho é que eu tenho apoio do diretório nacional para continuar na secretaria de finanças", afirmou Vaccari. Ele disse que até hoje não foi apresentado nenhum pedido formal pedindo sua saída do cargo.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração do servidor Márcio Martins de Oliveira, identificado como o autor do ato. Ele está lotado no gabinete da segunda vice-presidência, controlada pelo deputado Giacobo (PR-PR).
Seguranças retiram da CPI da Petrobras o servidor apontado com responsável por ter soltado ratos durante a sessão (Crédito: Pedro Ladeira/Folhapress)
"Meu chefe é o Diretório Nacional do PT", disse Vaccari aos deputados da CPI ao ser questionado sobre para quem prestava contas sobre as dações. "Eu presto contas, sempre faço isso, sobre as contribuições e a situação financeira do PT ao Diretório Nacional", afirmou.
Em relação ao apelido de "Moch", que consta nas nas delações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef para identificar Vaccari, o petista ironizou. "É porque eu uso mochila, como vários usam".