Barusco é o primeiro a depor à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara que investiga irregularidades na estatal.
Barusco confirmou, ao responder pergunta da deputada Eliziane Gama (PPS-MA), que o ex-presidente da Sete Brasil, João Ferraz, chegou a ter reuniões com o então presidente Lula.
"É fato que o presidente João Ferraz teve uma ou duas reuniões com o presidente Lula, agora ele não me reportou os assuntos que foram tratados. Eu sei que houve sim uma ou duas reuniões".
A Sete Brasil, empresa na qual Barusco trabalhou e que prestava serviços para a Petrobras, recebia propinas de estaleiros, segundo o próprio delator.
CPI da Petrobras ouve ex-gerente da estatal Pedro Barusco na Câmara dos Deputado (Pedro Ladeira/Folhapress)
Barusco afirmou que acumulou US$ 97 milhões em propinas no exterior, "com variação de 5% a depender do investimento".
Segundo ele, não houve repasse acima desses valores. Tudo, reafirma Barusco, será repatriado.
Questionado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), Barusco disse acreditar que os bancos onde colocou o dinheiro no exterior sabiam que os recursos depositados eram provenientes de propina.
"Na abertura da conta em qualquer banco suíço tem que fazer aquele perfil, lá a gente coloca [que era funcionário da Petrobras]. Eu acredito que sim [sabiam]. Não estou dizendo só a Denise [Kos, funcionária de um banco na Suíça]. Acho que os bancos todos sabiam".
A oposição aproveita para atacar governo e o PT pela corrupção na Petrobras. Líder do PPS, Rubens Bueno afirmou: "Ex-presidente Lula e presidente Dilma Rousseff são os grandes responsáveis pelo que acontece na Petrobras".
Contrariando versão apresentada pelas defesas dos empreiteiros, Barusco afirmou que nunca houve extorsão das empresas para pagar propina.
"Eu fico procurando e não encontro caso nenhum. Era uma relação normal, em que se acordavam as coisas, uma vez havia um conflito aqui e ali, mas extorsão eu nunca vi".
Embora não confirme, Barusco admite ter conhecimento sobre a versão de que o ex-diretor Renato Duque fora indicado ao cargo por José Dirceu. Ao responder o questionamento de Rubens Bueno sobre o tema, Barusco disse:
"A mídia toda falava que era José Dirceu. Essa conversa corria na empresa também."
O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB, à dir.), o relator Luiz Sérgio (PT-RS) e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco (Sérgio Lima/Folhapress)
Deputado do PT, Afonso Florence (BA) questiona Barusco: "Que provas o senhor tem de que Vaccari Neto lhe obrigou a participar de ilícitos?". Em seguida, Florence afirma que o ex-gerente está lançando suspeitas sobre "o maior partido de esquerda hoje no mundo".