Barusco é o primeiro a depor à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara que investiga irregularidades na estatal.
"A lição que temos então é que o crime não compensa", disse o relator Luiz Sérgio (PT).
Pedro Barusco se diz arrependido de ter participado do esquema de corrupção da Petrobras e concorda quando o deputado Luis Sérgio (PT-RJ), relator da CPI, diz "o crime não compensa".
"Esse é um caminho que não tem volta. A gente começa a receber recurso no exterior, vai indo, vai indo, vai crescendo, de um ano pra outro isso vira uma espada em nossa cabeça. Não tem saída para isso. Essa delação que estou fazendo está me dando um alívio."
Barusco afirmou que houve propina para ele, para Renato Duque e para o PT na construção da rede de gasodutos Gasene, que liga o Sudeste ao Nordeste. Ele não soube informar se mais pessoas ou partidos também receberam valores dessas obras.
Barusco disse ainda que não considera ter havido superfaturamento na Comperj, mas que houve uma ação forte do cartel de empreiteiras para elevar os preços.
"Na minha avaliação não houve superfaturamento. Os contratos foram fechados dentro dos limites da companhia. Pode ter havido preço elevado, dentro do limite."
Segundo ele, o cartel atuava para manter o preço elevado das obras, mas dentro daquilo que havia sido imposto pela Petrobras.
Barusco disse que quem recebia pelo PT era o tesoureiro João Vaccari.
"A gente sempre combinava esse tipo de assunto com o João Vaccari. Isso cabia ao João Vaccari gerenciar. Ele que era responsável. Não sei como ele recebia, para quem ele distribuía, se era oficial, extra-oficial. Cabia a ele naquele percentual uma parte."
O tesoureiro do PT João Vaccari Neto nega o recebimento de propinas em contratos da Petrobras.
Pedro Barusco afirmou que não sabe dizer se o ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra, que estava à frente da companhia em 2004, tinha conhecimento do esquema de pagamento de propina que ocorria na estatal. Naquele ano, segundo Barusco, a propina estava "institucionalizada".
Dutra foi presidente da companhia de 2003 a 2005 e de setembro de 2007 a agosto de 2009. Depois, foi presidente do PT, de 2010 a 2011.
Carlos Sampaio (PSDB-SP) pergunta se é correto afirmar que seria impossível ocorrer algo (referindo-se à corrupção na Petrobras) sem o conhecimento da diretoria executiva. Barusco diz que sim.
Deputado Carlos Sampaio repete trecho da delação premiada do doleiro Alberto Youssef em que ele afirmou que parte do alto escalão do governo sabia do esquema. Pergunta, em seguida, se esquema atendia a interesses do governo.
"Até onde sabia, divisão da propina ia para PT, PP, PMDB. Isso é que eu sabia (...) Mas também apareceu aí gente de outros partidos", diz Barusco.