Quase um mês depois dos protestos que levaram multidões às ruas nas principais cidades do país contra o governo Dilma Rousseff, os movimentos que pedem o impeachment da presidente voltaram a se manifestar neste domingo (12).
Desde o início da manhã, 24 Estados, além do Distrito Federal, registraram atos contra o governo e reuniram cerca de 543 mil pessoas.
Em São Paulo, o ato teve início oficialmente às 14h, mas desde o início da manhã manifestantes já se concentravam na av Paulista. Segundo o Datafolha, 100 mil pessoas se reuniram na avenida, número bem inferior aos 210 mil do protesto de 15 de março.
Cerca de 25 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, protestaram em Brasília. No Rio, a PM estimou em 12 mil os participantes.
As manifestações de 15 de março reuniram cerca de 210 mil pessoas na avenida Paulista, segundo o Datafolha, e foram as maiores realizadas na capital desde os comícios pelas Diretas Já, em 1984.
Até agora não foram divulgadas estimativas de público em São Paulo no ato deste domingo (12).
Segundo o Datafolha, quase dois terços dos brasileiros (63%) afirmam que, considerando tudo o que se sabe até agora a respeito da Operação Lava Jato, deveria ser aberto um processo de impeachment contra a presidente Dilma. O desconhecimento a respeito do que aconteceria depois disso, porém, é grande.
CURITIBA - Manifestantes começam a se concentrar na praça Santos Andrade, no centro de Curitiba. A expectativa dos organizadores é reunir 50 mil pessoas --menos que as 80 mil do último dia 15.
"Não é um sinal de enfraquecimento; as pessoas estão dispersas em mais cidades", diz Felipe Aguillera, 26, coordenador estadual do Vem pra Rua. No Paraná, o movimento prevê manifestações em 32 cidades neste domingo, contra 13 no último mês.
SÃO PAULO Carreata de caminhões contra o governo Dilma Rousseff deixa marginal Pinheiros e entra na avenida Rebouças em direção à avenida Paulista, onde ocorre a concentração para o protesto na tarde deste domingo.
Carros da polícia acompanham a carreata dos caminhões pela Rebouças, que está totalmente ocupada em direção à Paulista.
Manifestantes já foram às ruas em ao menos 13 Estados, além do Distrito Federal.
Os protestos ocorrem em onze capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Salvador, São Luís, Belém, Manaus, Recife e Curitiba.
Em São Paulo, várias cidades do interior também presenciaram manifestações, além de municípios de Santa Catarina, Alagoas e Goiás.
Em algumas cidades, como Belém, o protesto já acabou.
SALVADOR - O protesto também acabou na capital baiana.
SÃO PAULO - O carro do movimento Alô, Brasil, terá que ser retirado da avenida Paulista, por não ter passado por vistoria. "Estão impedindo nosso direito de ir e vir, nos expulsando", afirma Ronaldo, "brasileiro", 67, empresário e dono dos carros de som. "Pedimos a intervenção constitucional, que é democrática. Os militares nem querem o poder," afirma. Sobre a retirada das faixas, afirma que outros movimentos na avenida Paulista pediram que fossem retiradas | Angela Boldrini/Folhapress
RIO DE JANEIRO - Uma fila se formou no Rio após um dos carros de som anunciar que iria começar assinaturas de apoio ao impeachment da presidente Dilma. O documento, segundo os organizadores, será entregue em Brasília.
Rodolfo Guimarães, 54, um dos que assinaram, diz que o país precisa de mudanças no Poder Executivo para voltar a crescer.
"Não adianta, fomos enganados durante a campanha inteira. Tudo que ela falou que não iria fazer, está sendo feito. O Brasil está sendo levado ao fundo do poço, algo precisa ser feito. Queremos a saída do PT e da presidente de forma imediata, os casos de corrupção são mais do que claros para explicar o porquê."
SÃO PAULO - "Estou achando bem parado hoje. No 15 de março, tive de trazer boné, estava lotado de gente. Hoje não vendi quase nada", diz a vendedora Luisa Belmont, da loja Street Closet, dentro da estação Consolação e repleta de material verde-amarelo. "Estou triste, pensei que ia bombar. Compramos até um megafone que grita 'sou brasileiro com muito orgulho' e não vendi nenhum".
CURITIBA - A dona de casa Eliana Sigel, 60, defende a delação premiada de executivos na Lava Jato. "Mas que paguem pelo que fizeram, também." (Crédito: Estelita Hass Carazzai/Folhapress)
RIO - O protesto no Rio, iniciado por volta das 11h, percorreu a orla de Copacabana e se dispersou por volta das 14h, na altura da rua Siqueira Campos. O protesto foi convocado pelo grupo Vem Pra Rua.
As 14h, no posto 5 da orla, começou um segundo ato, que percorrerá o mesmo trajeto do anterior, convocado pelo Movimento Brasil Livre. Esse descasamento de horários confundiu alguns manifestantes e fez com que muitos ficassem dispersos pela orla.
SÃO PAULO - Cleber Luiz, filiado ao Solidariedade, ajuda a colher assinaturas para o abaixo-assinado que pede o impeachment de Dilma. Diz que no protesto do dia 15 de março, colheram 200 mil assinaturas, e que esperam colher mais 50 mil hoje.
Há uma grande concentração na av. Paulista, perto da sede da Fiesp. No caminhão do Movimento Vem Pra Rua, gritos de "O PT roubou" mimetizam canto de arquibancadas.
"Queremos que políticos sejam investigados, inclusive presidente. MPF e PF são competentes, mas Executivo tenta interferir", disse Rogério Chequer, do Vem Pra Rua.