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Após impeachment, São Paulo tem noite de confrontos em protesto
Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer como novo presidente da República, o centro de São Paulo teve noite de protestos nesta quarta (31).
Manifestantes contrários ao impeachment entraram em confronto com a Polícia Militar em pelo menos quatro pontos da cidade.
O primeiro confronto aconteceu na rua da Consolação, onde manifestantes foram dispersados por bombas de efeito moral. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, a polícia reagiu depois que um "grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras".
Ao menos sete pessoas ficaram feridas. Fotógrafos que cobriam protesto sofreram agressões de policiais militares e o prédio da Folha foi atacado.
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na condenação por crime de responsabilidade.
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Flexa Ribeiro declara voto favorável ao impeachment
Votos declarados a favor do impeachment: 22
Votos declarados contra o impeachment: 12
Não declarados: 2O 36° senador a se pronunciar foi Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que decalrou voto favorável ao impeachment. Ele disse que, depois do julgamento, não sobrou "pedra sobre pedra" nos argumentos da defesa de Dilma.
"Na campanha das eleições de 2014, Dilma Rousseff pintou um Brasil que simplesmente não existe na realidade", afirmou.
Ele criticou a estrutura do questionamento a Dilma no Senado, que aconteceu na segunda (29). Segundo ele, como os senadores não podiam fazer réplicas, a presidente repetiu as mesmas respostas durante toda a sessão.
Manifestantes se reúnem na frente da Folha
Cerca de trinta manifestantes estão parados na frente da sede da Folha, no centro de São Paulo.
A tropa de choque da Polícia Militar está postada em frente a entrada do jornal.
Manifestantes detidos são liberados em São Paulo e acusam PM de truculência
Todos os detidos foram liberados pela Polícia Militar. Há feridos, entre eles jovens quem foram atingidos por golpes de cassetete.
"Eles começaram a chamar a gente de vagabunda e disseram que na hora de se manifestar e tacar pedra na polícia vocês gostam. A gente foi liberado porque moramos aqui no Paraíso. Os pobres de periferia da zona leste vão ficar", disse a estudante Nathalia Miranda, 20.
N., 17, irmã de Natália, levou um jato de gás de pimenta no rosto
O também estudante de Direito, Leonardo Lima, 23, disse que levou golpes de cassetete e jatos de gás pimenta quando estava deitado de cabeça para baixo.
O 36° senador a se pronunciar é Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Cidinho Santos declara voto favorável ao impeachment
Votos declarados a favor do impeachment: 21
Votos declarados contra o impeachment: 12
Não declarados: 2O senador Cidinho Santos (PR-MT) declarou voto favorável ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff que, afirma ele, cometeu "estelionato eleitoral".
O senador citou o caso de carros que foram retidos por falta de pagamento do financiamento como exemplo dos efeitos da crise econômica sobre a população. "Isso acontece com pessoas que sonhavam em ter o carro próprio", disse.
Cidinho também falou da redução das obras do programa "Minha Casa, Minha Vida" que, diz, causou crise e demissões no setor de construção civil.
Além disso, afirmou que Dilma cometeu crime ao assinar os decretos de suplementação orçamentária.
"Ciente de que a meta de superávit não seria atingida, a presidente cometeu as pedaladas fiscais e por isso está sendo processada", disse. "A presidente perdeu a confiança do povo porque mentiu e por isso não tem mais condições de governar."
Ao fim de seu discurso, citou um provérbio bíblico: "quando o justo governa, o povo se alegra."
O 35° senador a falar é Cidinho Santos (PR-MT)
Armando Monteiro declara voto contrário ao impeachment
Votos declarados a favor do impeachment: 20
Votos declarados contra o impeachment: 12
Não declarados: 2O senador Armando Monteiro (PTB-PE) afirmou que o impeachment é uma punição excessiva para os crimes supostamente cometidos por Dilma Rousseff.
"O processo trata de ações de interpretação controversa entre juristas", disse. "A denúncia está indisfarçavelmente embalada por ações de natureza política."
O senador também disse que o processo de impeachment mostra as fraquezas do sistema de presidencialismo de coalizão. De acordo com ele, o cenário de fisiologismo e radicalização política enfraquece o país.
Monteiro disse que o governo Dilma tentou enfrentar a crise econômica ao propor medidas para conter os gastos públicos, mas não conseguiu devido a oposição do Congresso, que estaria interessado em avançar a agenda do impeachment.
Ele cobrou os parlamentares para que, após o desfecho do julgamento, voltem as atenções para a austeridade fiscal que, de acordo com ele, ficou apenas no "plano retórico" até agora.
"Parece claro que a atual trajetória da dívida pública precisará ser interrompida. Essa é uma condição necessária para estabilizar a economia", disse. "Mais do que o impeachment, temos uma crise de graves proporções."
Pelo menos dez pessoas são detidas no centro de São Paulo durante ato
Em São Paulo, manifestantes ateiam fogo a lixo e correm pelo largo do Arouche. Batalhão de Choque da Polícia Militar sobre o largo jogando bombas e dispersando o ato pró-Dilma Rousseff. Moradores da região apoiam os manifestantes: "Fascistas, porcos do governo", gritam da janela. Dois policiais sem identificação detêm manifestantes e mandam jornalistas se afastarem. Pelo menos dez pessoas já foram detidas na altura do 191 da alameda Barão de Limeira.
Em Brasília, no fim do protesto de apoio à presidente afastada Dilma Rousseff, um grupo cercou o servidor público Roni Brito, de 35 anos, que vinha de bicicleta do lado das manifestações favoráveis à cassação da presidente. Alguns manifestantes ironizavam o servidor, chamando-o de coxinha e fazendo-o posar para fotos ao lado de cartazes "Fora, Temer", "Contra o Golpe", imaginado que ele fosse apoiador da cassação. De bom humor, ele posou para fotos. Mas depois explicou que era contra o afastamento que para ele é feito por quem quer encobrir os próprios crimes. "Enquanto eu não tiver cinco milhões no banco, eu sou de esquerda", brincou.
Por ser branco e de olhos azuis, Roni diz que se enquadra num estereótipo dos opositores. Pelo lado deles, disse Roni, passou sem ser incomodado e percebeu que os manifestantes estavam fazendo festa e dançando, enquanto os apoiadores da presidente faziam atos de militância. "Talvez meu olhar seja um pouco enviesado, mas queria que o pessoal da direita fosse mais coerente", afirmou.
Petistas já jogam a toalha em Brasília
O Plenário do Senado só tem dois senadores pró-Dilma neste exato momento. O cenário está assim desde o retorno dos trabalhos à noite. Petistas já jogam a toalha. Dizem que a bancada do Maranhão fechou questão e irá votar a favor do impeachment. Com isso, inviabilizam as negociações que o PT tentava fazer para atrair um bloco de sete senadores.