O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), foi preso nesta quarta-feira (25) no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo as investigações, ele tentava conturbar o trabalho da equipe que investiga o megaescândalo de corrupção na Petrobras.
Delcídio chegou a oferecer uma mesada de R$ 50 mil para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação premiada e deixasse o país.
Também foi preso o banqueiro André Esteves, do BTG Pactaul, acusado de que seria o financiador do plano de fuga de Cerveró. As prisões são o primeiro resultado do acordo de delação que Cerveró fechou com a Procuradoria Geral da República.
Ele já havia tentado fechar o acordo duas vezes, mas os procuradores resistiam porque viam nele "um jogador" que escondia fatos importantes para a investigação da Lava Jato.
À noite, o Senado decidiu, em votação aberta, pela manutenção da prisão de Delcídio --o resultado foi 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção.
O senador Reguffe (PDT-DF) defende que não deve haver voto secreto para decidir sobre a prisão. “A Constituição prevalece sobre o regimento interno”, afirma.
Senado divulga nota oficial sobre a prisão de Delcídio Amaral (PT-MS) e questiona "a imposição de prisão a um Senador da República que sequer possui acusação formal contra si". A nota diz ainda que "a Constituição Federal não autoriza prisão processual de detentor de mandato parlamentar".
Gabinete divulga nota oficial sobre prisão do senador Delcídio do Amaral https://t.co/JTCFytxNdp
— Senado Federal (@SenadoFederal) November 25, 2015
O PT divulgará nesta quarta-feira (25) uma nota, afirmando que as atitudes de Delcídio Amaral (PT-MS) são de inteira responsabilidade do senador.
O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo (foto) disse nesta quarta-feira (25) à Folha que não se lembra de ter conversado com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) sobre o pedido de liberdade de Nestor Cerveró.
A defesa de Delcídio do Amaral emitiu nota manifestando "inconformismo" em relação à prisão do senador. "Questiona-se o fato de que as imputações tenham partido de um delator já condenado [Nestor Cerveró], que há muito tempo vem tentando obter favores legais com o oferecimento de informações."
Nota Oficial A defesa do Senador Delcídio do Amaral manifesta inconformismo em relação à decisão da Segunda... https://t.co/oy9mYzztfZ
— Delcídio Amaral (@Delcidio) November 25, 2015
Senador @JorgeVianaAcre anuncia sessão para analisar decisão do STF sobre prisão de Delcídio do Amaral https://t.co/UK14kEPtnO
— Senado Federal (@SenadoFederal) November 25, 2015
Democratas e PSDB anunciaram que vão pedir que o voto seja aberto na sessão que vai analisar a prisão do senador Delcídio do Amaral.
— Senado Federal (@SenadoFederal) November 25, 2015
A gravação em que Delcídio do Amaral (PT-MS) tenta obstruir as investigações da Operação Lava Jato foi feita pelo filho de Cerveró, Bernardo, por estar desconfiado que o outro advogado de seu pai, Edson Ribeiro, estaria fazendo um "jogo-duplo": atrapalhando o acordo de delação de seu pai para ganhar dinheiro de um acordo com Delcídio e excluir nomes da delação.
Ouça principais trechos da conversa entre Delcídio, advogado e filho de Cerveró
Na minuta preliminar da sua delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que a presidente Dilma Rousseff "sabia de tudo de Pasadena" e que ela "me cobrava diretamente".
A refinaria, comprada nos Estados Unidos, teve superfaturamento de US$ 792 milhões, na avaliação do TCU (Tribunal de Contas da União), e foi adquirida após encaminhamento favorável de Dilma, que na época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras.