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Após impeachment, São Paulo tem noite de confrontos em protesto
Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer como novo presidente da República, o centro de São Paulo teve noite de protestos nesta quarta (31).
Manifestantes contrários ao impeachment entraram em confronto com a Polícia Militar em pelo menos quatro pontos da cidade.
O primeiro confronto aconteceu na rua da Consolação, onde manifestantes foram dispersados por bombas de efeito moral. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, a polícia reagiu depois que um "grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras".
Ao menos sete pessoas ficaram feridas. Fotógrafos que cobriam protesto sofreram agressões de policiais militares e o prédio da Folha foi atacado.
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na condenação por crime de responsabilidade.
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Acompanhando a votação de um telão, militantes a favor de Dilma choram no Palácio da Alvorada.
Pedro Ladeira/Folhapress Acompanhando a votação de um telão, militantes a favor de Dilma choram no Palácio da Alvorada 'Não importa se foi Dilma ou Collor', diz Aloysio Nunes
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) afirmou que o procedimento do impeachment foi "legítimo" desde o surgimento.
"Aqui não houve golpe", disse, refutando as comparações entre o impeachment de Dilma e o golpe militar de 1964.
"As únicas desordens hoje desses dias são promovidas por essas organizações fascistóides que vivem na órbita do PT", afirmou, em referência a protestos de movimentos ligados à esquerda, como o MTST. "Esse plenário não protagonizou nenhuma farsa, como dizem os que defendem a supressão do termo de inabilitação."
"A Constituição não pode ser reformada por uma votação no Senado", disse, argumentando a favor da perda dos direitos políticos de Dilma. "O fato é o mesmo. E quando um fato se adequa perfeitamente com a descrição do tipo penal, não há outra resolução a tomar, é aplicar a pena prescrita na lei."
"Não importa se foi Dilma, se foi Collor, quem quer que tenha sido. É fulano, qualquer um que cometa crimes de responsabilidade deverá ser condenado", afirmou.
Reações no Senado após anúncio de impeachment de Dilma
Logo após um grupo de senadores ter cantado o hino nacional, um senador gritou no plenário: 'Aqui não tem canalha! Aqui tem homem de bem".
Renan votou sim, mas não cantou o hino nacional. Permaneceu impassível ao lado de Lewandowski.
Durante a votação, os apoiadores da presidente no Alvorada cantaram música da campanha, "Olé, olé, olé, olá, Dilma". Com o anúncio da vitória da cassação, ele reagiram dizendo que foi golpe. A maioria espera pelo resultado da inabilitação.
Última traição à Dilma foi do senador Telmário Mota (PDT-RR). Negociou cargos com o Planalto ontem, como informou o Painel. Hoje votou pelo impeachment e saiu batido do plenário.
Magno Malta grita "aqui não há canalhas" após senadores cantarem o hino em comemoração.
Kátia Abreu mencionou possibilidade de "dar aulas", pode estar indicando a real intenção de Dilma, não exatamente um cargo eletivo.
Kátia Abreu faz primeiro encaminhamento contra perda dos direitos de Dilma
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) foi a primeira a argumentar contra a perda dos direitos políticos de Dilma Rousseff.
Entre os trechos de textos jurídicos lidos para fundamentar a argumentação, ela leu trecho escrito pelo presidente interino Michel Temer, dizendo que as penas "são autônomas e independentes" e não "acessórias".
"É uma pessoa que com certeza pode ser convidada para dar aulas em universidades", disse. "A presidente Dilma precisa continuar trabalhando para poder suprir suas necessidades."
"Não vote pelas palavras de uma pessoa, mas pela sua consciência e por aquilo que acreditam na personalidade da presidente Dilma", afirmou.
Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) posta foto do placar da votação do impeachment no Senado.
Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) posta foto do placar da votação do impeachment no Senado
Pessoas comemoram cassação de Dilma em São Paulo
Em Higienópolis, zona oeste de São Paulo, há buzinaço pelas ruas.
Há comemorações também no Mercado Municipal da cidade.
No bairro do Morumbi há buzinaço, panelaço e gritos de "Fora, Dilma".
Na avenida Paulista há fogos de artifício e pessoas cantam o Hino Nacional. Os apoiadores do impeachment acampados em frente à Fiesp tomam uma faixa da pista no sentido Paraíso. Comemoram com faixas e bandeiras o resultado. Carros que passam pelo local respondem com buzinaço
Senado Federal aprova cassação do mandato de Dilma Rousseff
Com 61 votos a favor do impeachment e 20 votos contra, senadores aprovam, às 13h35, a cassação do mandato de Dilma Rousseff.
Não houve nenhuma abstenção.
Após o resultado ser anunciado, senadores favoráveis ao impeachment cantaram o hino nacional.
Votação pela perda do mandato de Dilma começa
Começa votação pela perda do mandato de Dilma Rousseff (PT).
Senadores que votarem "sim" votam a favor da perda do mandato.
Quem votar "não" votam pela absolvição da denúncia.
Após essa votação, outros quatro encaminhamentos serão feitos antes do destaque, para decidir se Dilma deve perder os direitos políticos por oito anos.
Estamos cassando os votos que elegeram Dilma em 2014, diz Humberto Costa
O senador Humberto Costa (PT-PE) fez o quarto encaminhamento, o segundo contra o impeachment.
"Estamos concluindo o processo de impedimento, mas um processo que não cumpriu os pressupostos básicos definidos pela Constituição brasileira. Ou seja, a constatação de que tenha havido crime de responsabilidade", afirmou.
"Nós não temos o direito hoje de tomar essa decisão porque não estamos simplesmente cassando o mandato da presidenta, estamos cassando os votos daqueles que a elegeram em 2014", disse Costa.
O petista disse que os senadores têm que votar com "consciência", com "preocupação de não lançar o Brasil na insegurança" que não "será superada por governo que não tem legitimidade do voto".
Definição de inabilitação de direitos políticos de Dilma causa divergências
Entendimento majoritário no PMDB, PSDB e DEM é que, pelo voto do ministro do STF Ricardo Lewandowski, Dilma precisaria de 54 votos para derrubar a inabilitação.
Assessor de Lewandowski, entretanto, diz que Dilma precisa de 28 votos para vencer a segunda votação. José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, concorda com entendimento entendimento do ministro.
Líder do governo Temer no Congresso, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) diz que seu partido deve se dividir na votação do destaque para manter a habilitação de Dilma a exercer cargos públicos. O PMDB tem a maior bancada da Casa, com 19 senadores.
O líder do PT, Paulo Rocha (PA), diz que muitos senadores querem aliviar o peso do voto a favor do impeachment. "Muita gente sabe que ela não devia ser afastada hoje. Então querem amenizar mantendo os direitos políticos", afirma.