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Após impeachment, São Paulo tem noite de confrontos em protesto
Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer como novo presidente da República, o centro de São Paulo teve noite de protestos nesta quarta (31).
Manifestantes contrários ao impeachment entraram em confronto com a Polícia Militar em pelo menos quatro pontos da cidade.
O primeiro confronto aconteceu na rua da Consolação, onde manifestantes foram dispersados por bombas de efeito moral. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, a polícia reagiu depois que um "grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras".
Ao menos sete pessoas ficaram feridas. Fotógrafos que cobriam protesto sofreram agressões de policiais militares e o prédio da Folha foi atacado.
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na condenação por crime de responsabilidade.
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Dilma diz ser vítima de golpe de Estado
Após a fala de Requião, Dilma diz ser vítima de um golpe de Estado.
"Sem crime de responsabildiade, qualquer processo de impeachment pela legislação brasileira é um claro ataque à Constituição. Porque a Constituição é clara", afirmou.
Na sequência, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) questiona a presidente afastada.
Evaristo Sá/AFP A presidente afastada Dilma Rousseff responde a questionamentos no plenário do Senado Aliados petistas demonstram confiança em desempenho de Dilma
Aliados de Dilma diziam neste domingo (28) que Dilma tem tudo para se sair melhor do que os senadores. Não há réplica e a presidente tem o tempo que quiser para responder aos questionamentos.
O senador Paulo Rocha (PT-PA), que falou há pouco com Lula, disse que o ex-presidente fez a seguinte avaliação: "O discurso foi bom, firme, sem ser agressivo".
Enquanto isso, Lewandowski dá forte demonstração de que não aceitará manifestações em plenário ao fazer novo apelo para a interrupção dos aplausos.
Li Ming/Xinhua O ex-presidente Lula e o cantor Chico Buarque Senado julga a democracia, não a presidente, diz Requião
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
"Muitas vezes subi a essa tribuna para criticar a política da presidente. E fiz isso com desenvoltura", afirmou Requião. "Hoje falo constrangido. Porque não é a presidente que está sendo julgada no Senado. É a democracia."
Ele negou que Dilma tenha cometido um crime. "Estamos discutindo um sistema de governo. Que começou com tentativa de introdução do parlamentarismo", disse.
Requião criticou o congelamento dos reajustes de gastos públicos proposto por integrantes do governo Temer."Não se pode mais nascer, não se pode mais estudar, não se pode melhorar ensino, não se pode melhorar saúde", afirmou. "É o Brasil que está em jogo. Não é o mandato da presidente Dilma Rousseff."
'Não é Dilma que está sendo julgada. É a democracia', diz Requião
RUBENS VALENTE, repórter da Folha - "Os senadores da base de Michel Temer estão indo por um caminho controverso que poderá dar munição a José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma Rousseff. Eles fazem discursos antecipando a opinião sobre os crimes, dizendo que ela é culpada, enquanto Lewandowski havia dito que as perguntas devem ser técnicas e que os senadores hoje atuam como juízes, não como políticos. É um detalhe que a defesa poderá usar para questionar o julgamento."
Cardozo afirmou: "Foi o que ela disse na sua fala: antecipação de voto antes do direito de defesa terminar é ofensa ao devido processo legal".
Dilma volta a defender inocência
Dilma volta a mencionar que decretos de crédito suplementar foram assinados em mandatos anteriores, que não cometeu crime de responsabilidade, que sofreu com queda de arrecadação e que um clima de "quanto pior, melhor" dominou o Congresso em seu mandato.
"[Os acusadores] Dizem que é minha responsabilidade porque eu era íntima do senhor Arno Augustin. Ora, o senhor Arno Augustin não era em 2015 secretário do Tesouro Nacional", afirmou.
Ela afirma que a acusação sustentava primeiro que "eram seis [decretos de] créditos suplementares. De repente mudaram para quatro. Agora são três. Acredito que com o tempo chegarão a zero".
É a vez do senador Roberto Requião (PMDB-PR) fazer questionamentos à Dilma.
Na galeria do plenário
Encerrado o discurso de Dilma, seus convidados começam a conversar entre si. Lula bateu papo com Chico Buarque, antes do cantor se retirar da galeria para ir ao banheiro, e neste momento conversa com Jacques Wagner.
Avaliação de aliados de Dilma é que hoje ela sacramentou a palavra golpe. Ainda acham difícil mudar votos, mas ressaltam o caráter histórico da sua presença e fala.
Alan Marques/ Folhapress Chico Buarque acompanha a sessão do Senado Federal para o julgamento do Impeachment de Dilma Rousseff Pelas redes sociais:
Ricardo Ferraço pergunta se Dilma se arrepende
Em sua pergunta a Dilma Rousseff, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) afirmou que voto não é "salvo conduto" ou "cheque em branco" que autoriza governante "a agir além dos limites da lei. Voto é sagrado", disse.
"A senhora não goza do direito de se autonomear vítima, senão dos seus atos", disse. "Onde estava seu compromisso quando praticou atos contra a Constituição Federal?", perguntou. "Vossa Excelência tem algum arrependimento dos atos praticados?"