AO VIVO
Após impeachment, São Paulo tem noite de confrontos em protesto
Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer como novo presidente da República, o centro de São Paulo teve noite de protestos nesta quarta (31).
Manifestantes contrários ao impeachment entraram em confronto com a Polícia Militar em pelo menos quatro pontos da cidade.
O primeiro confronto aconteceu na rua da Consolação, onde manifestantes foram dispersados por bombas de efeito moral. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, a polícia reagiu depois que um "grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras".
Ao menos sete pessoas ficaram feridas. Fotógrafos que cobriam protesto sofreram agressões de policiais militares e o prédio da Folha foi atacado.
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na condenação por crime de responsabilidade.
acompanhe
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) questiona Dilma.
Humberto Costa elogia discurso
Senador diz que deixou claro que processo vem da inconformidade com resultado do processo eleitoral. "Discurso reprisa questões que convenceram o Brasil de que se trata de processo exclusivamente político".
Questionado sobre alegações de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) sobre cometimento de novo crime de responsabilidade, o petista fala: "ninguém pode querer impedir que haja interpretação do que está acontecendo no país".
'Única forma de combater um golpe é abrir diálogo', diz Dilma
Acho que temos que fazer uma distinção. Não podemos achar que a mesma análise que se faz para o golpe de Estado baseado na intervenção militar é a mesma para o que toda a literatura política chama de golpe de Estado parlamentar.
"No golpe militar é como se derrubássemos uma árvore, derrubando o governo e o regime democrático", afirmou. "O que tem acontecido no golpe parlamentar é o fato que você tira um presidente eleito pelo voto direto por razões frágeis. É como se a árvore não fosse derrubada, mas sofresse intenso ataque de fungos, por exemplo", disse Dilma.
A presidente afastada afirmou que a única forma de combater um "golpe parlamentar" é abrir um diálogo. "Porque eu quero que a democracia no meu país saia ilesa desse processo", respondeu Dilma. "Não basta o rito correto. Há que ter um conteúdo justo. Não basta a forma, senadora."
"Aqueles que não gostam que o nome seja golpe querem encobrir um fato", afirmou. Por fim, Dilma defendeu a realização de votos indiretos.
"Há que provar que tem crime. Se não provar que tem crime, senadora, é golpe sim", concluiu.
Para Jorge Viana, ficou claro que não houve crime
O senador Jorge Viana (PT-AC) diz que Dilma fez a defesa de sua biografia e tecnicamente deixou claro que não cometeu crime de responsabilidade.
"Trouxe argumentos que faltavam para votar a favor da democracia. A oposição brasileira tem medo da palavra golpe. Ou é golpe ou é farsa". Diz que "oposição está sendo desleal com a Constituição".
Questionado se acredita que o discurso pode mudar votos, Viana afirma: "Do ponto de vista da história, a presidente Dilma está sendo absolvida".
Presidente da Câmara comparecerá à sessão
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou em Brasília às 11h e pretende aparecer durante a tarde no Senado para acompanhar uma parte da sessão de julgamento de Dilma. Nos demais dias, o deputado viu apenas pela TV.
Nas redes sociais
Do outro lado do Salão Verde
Enquanto Dilma Rousseff fazia sua defesa no Senado, o deputado Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), alheio à alta temperatura da Casa vizinha, subia ao plenário da Câmara para fazer um discurso em defesa dos rodeios no País.
Até o momento, apenas 37 deputados marcaram presença, embora menos de dez estejam no Plenário da Câmara.
Presença de Dilma no Senado legitima impeachment, diz senadora
A senadora Ana Amélia (PP-RS) foi a primeira parlamentar favorável ao impeachment a questionar a presidente afastada Dilma Rousseff.
Ela afirmou que a presença de Dilma Rousseff no Senado legitima o julgamento "e derruba a narrativa de sua Excelência e de seu partido".
"Se assim fosse [golpe], esse processo seria suspenso na sua origem", afirmou. "Com tantas pessoas importantes presas na Operação Lava Jato, os brasilieros acreditam sim que ninguém está acima da lei, nem mesmo o presidente da República."
"Não estamos aqui julgando a sua biografia, o seu passado, a sua história pessoal, que eu respeito. Estamos julgando atos praticados pela sua Excelência em seu governo", afirmou.
"Por que a sua Excelência autorizou as dívidas aos bancos oficiais?", pergunto a Dilma.
Apoio no exterior
Oito barracas foram montadas diante da embaixada brasileira em Buenos Aires por apoiadores da presidente afastada Dilma Rousseff.
Um grupo de 30 brasileiros passou a noite e permanecerá no local até o fim da tarde desta segunda (29), quando representantes de movimentos políticos e sociais de outros países latino-americanos participarão do encerramento do ato, batizado de "Vigília pela Democracia".
"Mesmo estando fora do país, queremos demonstrar que acompanhamos o que está acontecendo [no Brasil]. Temos que continuar lutando pra tentar desfazer esse absurdo. O processo [de impeachment] é um fingimento", diz Patrícia Moura e Sousa, 42, que mora em Buenos Aires há 18 anos.
Lewandowski faz apelo para que senadores desocupem o corredor do plenário.