AO VIVO
Após impeachment, São Paulo tem noite de confrontos em protesto
Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer como novo presidente da República, o centro de São Paulo teve noite de protestos nesta quarta (31).
Manifestantes contrários ao impeachment entraram em confronto com a Polícia Militar em pelo menos quatro pontos da cidade.
O primeiro confronto aconteceu na rua da Consolação, onde manifestantes foram dispersados por bombas de efeito moral. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, a polícia reagiu depois que um "grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras".
Ao menos sete pessoas ficaram feridas. Fotógrafos que cobriam protesto sofreram agressões de policiais militares e o prédio da Folha foi atacado.
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na condenação por crime de responsabilidade.
acompanhe
Enquanto o advogado de acusação Miguel Reale Júnior fala, o advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, revisa documentos e sequer olha para o jurista na tribuna.
Débora Álvares/Folhapress O advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, durante fala do advogado de acusação Miguel Reale Júnior 'Há cadáver e há mau cheiro', diz Miguel Reale
"Ontem saí chocado do discurso da presidente Dilma. A impressão que tive é que a presidente está de costas à nação. Ela atribuiu este processo a uma trama urdida por Eduardo Cunha, sem se aperceber que este processo nasceu das ruas", afirmou o co-autor do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr.
"Neste momento, estamos prestes a mudar de mentalidade, não apenas de governo. É uma administração pública não baseada no mérito, mas na sinecura, na difusão de que o que importa é ser malandro. O lulopetismo deixa como legado a esperteza, a malandragem. O país não quer mais isso", diz.
"O que o país não quer mais é que o sucesso não seja fruto da persistência, do trabalho. Temos agora diante de nós dois exemplos a demonstrar: esse Brasil que é o Brasil alegre, do gingado, do samba no pé, é também o Brasil da labuta, da seriedade. De pessoas que saem das dificuldades para os pódios, como aconteceu nas Olimpíadas."
"Estamos dando uma demonstração imensa de democracia ao mundo. Estamos vivendo um processo de impeachment sem que tivesse sido sofrido um risco na democracia. É um longo processo de apoio parlamentar e base popular."
"Como não há crime de responsabilidade? Há sim. Há cadáver e há mau cheiro desse cadáver. O crime está inicialmente em se ter utilizado os bancos oficiais para financiar o Tesouro."
Fora dos microfones
Após reclamar sobre o comportamento do deputado federal José Guimarães (PT-CE) no microfone, o senador Aloysio Nunes (PSBD-SP) continuou discutindo. Ele afirmou à senadora Fátima Bezerra (PT-RN) que não aceitaria insultos.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) orientou o petista a continuar sentado: "É um direito seu como deputado federal".
Neste momento, o deputado, que estava sentado no fundo do plenário, chega perto de Nunes, rodeado por parlamentares do PSDB, para conversar com o senador, encerrando a discussão.
Na sequência, Guimarães se sentou na primeira fileira de cadeiras do plenário.
No microfone, Grazziotin pediu que Nunes se retratasse. Fora dele, senadores zombaram a colega.
'Gostaria que o senador se retratasse', diz Vanessa Grazziotin
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pediu direito de fala para se pronunciar sobre o ocorrido.
"O senador que me antecedeu foi ao microfone dizendo que teria sido desrespeitado, mas nunca falamos em golpe querendo xingar ninguém. Gostaria muito que o senador que me antecedeu se retratasse", pediu a senadora, ouvindo protestos do plenário.
"Está registrado que o senhor pediu que a polícia do Senado retirasse seu colega. Não estamos aqui para tumultuar, mesmo sendo as vítimas aqui. Pedimos o mínimo de respeito, para nós e para todos os deputados que vieram aqui assistir à sessão".
Princípio de bate-boca
Após a advogada de acusação Janaína Paschoal terminar sua fala, um princípio de tumulto começou no plenário.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) reclamou no microfone de que o deputado federal José Guimarães (PT-CE) chamou-a de "golpista".
"Golpistas foram aqueles que saquearam a Petrobras, golpistas são aquesles que fraudaram a contabilidade pública", afirmou, antes de pedir que o ministro do STF chamasse a Polícia do Senado para interferir caso o comportamento se repetisse.
"Eu não tenho medo de você, nem de vocês", disse Nunes.
Na sequência, o presidente do STF pediu para os parlamentares "manterem o nível civilizado". Como as discussões continuaram, Lewandowski decidiu suspender a sessão por cinco minutos.
'Peço que ela entenda que eu fiz isso pensando nos netos dela', diz Janaína sobre Dilma
Em seu pronunciamento, Janaína diz que se coloca no processo do impeachment "como uma defensora do Brasil'. "Entrei nesta história sem ser chamada porque entendi que precisava fazer alguma coisa por nosso país. Após o fim do processo, ela afirma querer voltar "ao anonimato, à tranquilidade".
Janaína chama ações do governo Dilma de "estelionato eleitoral" e afirma que a falta de cortes de gastos em 2014 prejudicou o país e levou à crise econômica. "Os cortes em 2014 foram de R$ 1,5 bilhão. Em 2015, foram de R$ 12 bilhões. As pessoas acreditaram que continuariam no Fies, no Ciências Sem Fronteiras. A fraude foi na fala e foi documental".
A respeito do laudo pericial, ela diz: "Eles [petistas] mentem tão bem. Eles são tão competentes no marketing que a gente acredita. Até pessoas do meu lado acreditaram que a perícia não foi favorável a nós."
"Tudo isso foi muito bom para o povo ver como é o modo PT de ser é esse. É a enganação. É o PT que não pede desculpas, nega os fatos, nega a realidade".
Janaína finalizou sua fala pedindo desculpas Dilma por afirmar saber "que a situação que ela vive não é fácil, porque eu lhe causei sofrimento".
"Peço que ela, um dia, entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela", disse Janaína, emocionada.
Alan Marques/ Folhapress A advogada de acusação Janaína Paschoal no julgamento do impeachment, nesta terça (30) Mais alto?
Durante o discurso, a advogada de acusação Janaína Paschoal perguntou se era pra falar mais alto.
Senadores do PSDB fizeram gestos com a mão indicando que já estava bom. Ela seguiu: "já tenho o costume de gritar".
Marta aplaude Janaína
A senadora e candidata à prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PMDB), bateu palmas para Janaína Paschoal, no plenário do Senado, quando ela disse que houve fraude por parte do governo Dilma Rousseff.
Chegou a fazer sinal de "joia" com as duas mãos. A maior parte do plenário, que não acompanhava o discurso com atenção, não acompanhou as palmas.
Janaína afirma querer voltar ao anonimato após impeachment
Em seu pronunciamento, Janaína diz que se coloca no processo do impeachment "como uma defensora do Brasil'. "Entrei nesta história sem ser chamada porque entendi que precisava fazer alguma coisa por nosso país. Após o fim do processo, ela afirma querer voltar "ao anonimato, à tranquilidade".
Janaína chama ações do governo Dilma de "estelionato eleitoral" e afirma que a falta de cortes de gastos em 2014 prejudicou o país e levou à crise econômica. "Os cortes em 2014 foram de R$ 1,5 bilhão. Em 2015, foram de R$ 12 bilhões. As pessoas acreditaram que continuariam no Fies, no Ciências Sem Fronteiras. A fraude foi na fala e foi documental".
A respeito do laudo pericial, ela diz: "Eles [petistas] mentem tão bem. Eles são tão competentes no marketing que a gente acredita. Até pessoas do meu lado acreditaram que a perícia não foi favorável a nós."
"Tudo isso foi muito bom para o povo ver como é o modo PT de ser é esse. É a enganação. É o PT que não pede desculpas, nega os fatos, nega a realidade".
Temer tenta remarcar encontro na China
Com a possibilidade da votação final do impeachment se estender para a tarde de quarta-feira (31), o governo interino avalia a possibilidade de adiar para este sábado (3) o encontro marcado para a tarde de sexta (2) entre Michel Temer e o presidente chinês, Xi Jinping.
Para a reunião, o peemedebista precisaria embarcar no início da noite de quarta-feira, o que pode ser inviabilizado devido à necessidade de realização de uma cerimônia de posse no Congresso Nacional.
Com o risco de atraso no cronograma da etapa final, o presidente interino já descarta fazer uma parada em Xangai, onde participaria de encontro com empresários chineses e brasileiros.