Após dar prosseguimento, nesta quarta-feira (2), ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) leu nesta quinta (3) seu parecer favorável à medida.
O rito já estava previsto. Mais cedo, também nesta quinta, o deputado federal Beto Mansur (PRB-SP) leu a íntegra do pedido, protocolado pelos juristas Miguel Reale e Hélio Bicudo.
A ação de Cunha é uma resposta à decisão dos deputados federais petistas de votar pelo prosseguimento da cassação de seu mandato. O deputado peemedebista é alvo de processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara. O órgão adiou nesta quarta a votação que irá decidir se o processo irá adiante ou será arquivado.
"Foi melhor assim", comentam assessores de Dilma Rousseff. Para a presidente, Cunha estava "imobilizando" governo.
MOVIMENTOS SOCIAIS VÃO ÀS RUAS PARA EVITAR IMPEDIMENTO, DIZ MST
O líder do MST, João Pedro Stédile, disse, nesta quarta-feira (2), que os movimentos sociais vão para as ruas impedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Certamente, os movimentos populares irão fazer suas avaliações e nos próximos dias nos articularemos para programarmos mobilizações e impedirmos, nas ruas, qualquer tentativa de ferir nossa nascente democracia. O povo brasileiro elegeu a presidenta e mais 27 de governadores. E todos têm direito de concluírem seus mandatos constitucionais".
Stédile disse ainda que Cunha "não tem moral" para encaminhar processo de impeachment. "Se ele tivesse um pingo de dignidade já teria renunciado para se defender no STF, onde é acusado, com fartas provas, de corrupção".
'CUNHA CONSUMOU SUA CHANTAGEM', DIZ DEPUTADO PETISTA
"Não há razão para arrependimento", diz deputado Paulo Teixeira (PT-SP) sobre a decisão dos parlamentares da sigla de votar pelo prosseguimento de cassação do mandato do presidente da câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A sinalização fez com que Cunha deflagrasse nesta quarta (2) o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Ficou clara a retaliação por não ter o apoio do PT para evitar sua cassação. Cunha consumou sua chantagem", disse Teixeira. (BELA MEGALE, de SÃO PAULO)
O presidente estadual do PT de São Paulo, Emidio de Souza, defendeu nesta segunda-feira (2) a atitude do presidente nacional da sigla, Rui Falcão, que incentivou o partido a apoiar a abertura de um processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no conselho de ética da Casa. "O PT de cabeça erguida pela posição adotada hoje garante muito mais segurança a Dilma do que qualquer concessão a chantagistas . Não razão para impedir a presidenta. Jorram razões para cassar Cunha" (CATIA SEABRA, de SÃO PAULO)
Caiado: Abertura do processo impeachment sinaliza volta de segurança jurídica no país https://t.co/oFez546YFb
— Ronaldo Caiado (@SenadorCaiado) 2 dezembro 2015
Hoje é um dia histórico. O presidente da Câmara aceitou pedido de impeachment da presidente Dilma. As razões jurídicas são muito sólidas.
— Aloysio Nunes (@Aloysio_Nunes) 2 dezembro 2015
Apoio a proposta de impeachment. O Congresso não faz nada que não esteja em sintonia com a população.
— Aécio Neves (@AecioNeves) 2 dezembro 2015
Movimentos pró-impeachment marcaram um panelaço para a noite desta quarta, quando Dilma deve fazer um pronunciamento.
ATENÇÃO: PREPAREM SUAS PANELAS!DILMA CHORANDO NA TV LOGO MENOS!
Posted by Movimento Brasil Livre on Wednesday, December 2, 2015
"A gente está bastante esperançoso e agora o papel é das ruas de pressionar os parlamentares a conseguir os dois terços [dos votos] da Câmara [necessários para que o processo seja aberto]", disse o ativista Kim Kataguiri, do MBL (Movimento Brasil Livre), que é favorável ao impeachment. Será necessário o apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados federais.
AÉCIO: “IRRESPONSABILIDADE DO PT MEGULHOU PAÍS EM IMPASSE”
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), adotou um tom cauteloso ao afirmar, há pouco, que a abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff é uma decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, “ancorada na Constituição”.
Segundo ele, o pedido de impeachment produzido pelos advogados Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo é “extremante consistente”.
“O que existe neste momento é um sentimento de todos nós da prudência para que este processo possa ter o seu trâmite adequado e que a própria presidente da República possa ter a oportunidade de apresentar as suas justificativas. O que é importante que fique claro é que essa é uma previsão constitucional”, disse o tucano.
Aécio culpou o PT por levar o país a um impasse: “Para nós da oposição, qualquer saída para este impasse em que a irresponsabilidade do governo do PT mergulhou o país, se dará dentro daquilo que a Constituição determina”.
O senador atribuiu a um “sentimento da sociedade” a necessidade de iniciar “um novo momento no país”. (GRACILIANO ROCHA, de São Paulo)