Os ganhos de eficiência e produtividade gerados pelo aumento da conectividade no país são tema do "Fórum Digitalização: Soluções para um Brasil mais Competitivo", que a Folha promove nesta segunda (28), no Tucarena (zona oeste de São Paulo), entre 9h e 13h.
Entre os presentes nos quatro debates, estarão representantes do poder público, pesquisadores e empresários, como José Ragone, presidente da transmissora de energia Taesa, e Alessandro Germano, gerente de Novos Negócios do Google.
As discussões abordarão os resultados e possibilidades da digitalização em áreas como indústria, distribuição de energia e mobilidade.
Ozires Silva afirmou que a ajuda governamental, principalmente via educação, é a principal chave para uma mudança nas empresas do país. “Tem que haver um sistema, temos que construir um sistema que possa apoiar startups e um instrumento pra isso claramente é a educação”.
"Levamos de 7 a 1 da Alemanha não porque não tínhamos bons jogadores. A diferença começa com a seriedade com que o assunto foi tratado pelos interessados. Uma questão de organização, disciplina. O que acontece no Brasil em relação à tecnologia é a mesma coisa. Temos exemplos da disposição de brasileiros com condição e potencial para o sucesso, mas eles não florescem. Falta a organização apropriada, estratégia", disse o presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp
Rodrigo, da Fiesp, afirmou que o país precisa de uma mudança cultural. “Nós, no Brasil, não temos uma cultura de inovação", disse.
"A Embraer é um orgulho nacional, que deu certo. Foi algo desejado e aconteceu. Agora o desenvolvimento é baseado em startups. Agora é o mercado que pauta e não mais o governo", disse Rodrigo, da Fiesp
Debate sobre ganhos de produtividade na indústria do futuro; da esq. p/ dir.: Rodrigo Rocha Loures, presidente do Conselho Deliberativo do Ibpq (Instituto Brasileiro da Qualidade e da Produtividade) e presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo); Ozires Silva, engenheiro aeronáutico pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), com pós-graduação em Aeronáutica pelo Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), nos EUA. Foi presidente da Embraer entre os anos de 1970 e 1986 e novamente entre 1991 e 1995; Sérgio Vezza, diretor de Tecnologia da Informação da Ambev e formado em Engenharia Eletrônica pela Escola de Engenharia Mauá, com pós-graduação em Administração de Empresas na Fundação Getulio Vargas e MBA pela Universidade AmBev/Ibmec; Ronaldo Lemos, colunista da Folha e mediador do debate
Sobre a Embraer, Ozires Silva, que foi um dos fundadores, afirmou que a empresa só deu certo graças a grande cooperação entre poder público e iniciativa privada. Já Rodrigo Rocha afirmou que o desenvolvimento agora é baseado em uma demanda criada pelo mercado
Rodrigo Loures, da Fiesp, ressaltou a relação entre produtividade e inovação. Para ele, o Brasil ainda tem desempenho bastante ruim na área.
Ozires Silva vê o Brasil como grande consumidor, mas afirma que o país ainda peca como um produtor internacional. "Precisamos deixar de ter só esse papel de consumo. Temos 200 milhões de consumidores de tecnologia. Vemos empresas colocando as marcas aqui e pouquíssimas empresas nossas colocando as marcas la fora"
Ozires Silva comparou o investimento dos governos de Brasil e EUA na capacitação da população. "Os EUA nunca tiveram um plano nacional de educação ou desenvolvimento. O governo está empenhado em fazer com que a população tenha sucesso. Essa é a diferença", afirmou. "A fonte de riqueza desse país não está nos governos. Está nas pessoas."
Para Sergio Vezza, as atuais circunstâncias são positivas para o país investir em tecnologia. "Tem muito power point e pouca execução. Mas vivemos um momento único com o impacto da tecnologia no Brasil", afirmou.