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Após impeachment, São Paulo tem noite de confrontos em protesto
Após a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff e posse de Michel Temer como novo presidente da República, o centro de São Paulo teve noite de protestos nesta quarta (31).
Manifestantes contrários ao impeachment entraram em confronto com a Polícia Militar em pelo menos quatro pontos da cidade.
O primeiro confronto aconteceu na rua da Consolação, onde manifestantes foram dispersados por bombas de efeito moral. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, a polícia reagiu depois que um "grupo começou a incendiar montes de lixo e agredir policiais com pedras".
Ao menos sete pessoas ficaram feridas. Fotógrafos que cobriam protesto sofreram agressões de policiais militares e o prédio da Folha foi atacado.
Essa é a segunda vez na história que um processo de impeachment resulta na queda do chefe do Executivo. Sob suspeita de corrupção, Fernando Collor de Mello (1990-1992) renunciou horas antes da votação do seu processo, mas o Senado decidiu à época concluí-la, o que culminou na condenação por crime de responsabilidade.
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Penúltimo senador, ainda indeciso, faz perguntas para Dilma
O senador Roberto Muniz (PP/BA), um dos que não declararam seu voto sobre o impeachment, é o penúltimo a fazer perguntas para a presidente afastada.
Ele pede mais esclarecimentos sobre a assinatura dos decretos de suplementação orçamentária. "Existia alguma orientação para a senhora não assiná-los?", perguntou.
O senador questionou, também, o que Dilma faria se estivesse no lugar dos senadores. "Seu voto seria pelo conjunto da obra ou pelos decretos?"
'Os votos foram obtidos por mim', diz Dilma, sobre aliança com Temer nas eleições
O 46° senador a questionar Dilma Rousseff, Zezé Perrella (PTB-MG) afirmou que os votos que a presidente afastada recebeu nas eleições de 2014 foram também para o vice da chapa, Michel Temer.
Além disso, questionou a proposta de plebiscito sobre a convocação de um novo pleito, defendida por Dilma.
"Que artigo da Constituição embasa a proposta de novas eleições? "Com que autoridade você quer cassar mandatos outorgados pelo povo? Como não caracterizar isso, também, como um golpe?", perguntou.
"Eu sou a presidente que teve 54,5 milhões de votos. Dentro da aliança, um setor garantia os votos e outro uma aliança política. Os votos não são do senhor Michel Temer. Os votos foram obtidos por mim", respondeu Dilma.
Ela, porém, não respondeu a questão sobre o embasamento constitucuinal da proposta de plebiscito.
'Que pacto é esse que você fez, foi com o diabo?', pergunta Petecão, sobre eleições de 2014
O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) inciou sua pergunta afirmando que Dilma disse, durante a campanha eleitoral de 2014, que "se faz o diabo para vencer uma eleição".
A partir dessa frase, indagou que tipo de "pacto" a presidente afastada fez para governar.
"Que pacto é esse que você fez, se foi com o diabo, que deu tudo errado, que tudo veio por água abaixo? Não dava para fazer um pacto com Deus no lugar?", questionou.
Dilma afirmou que nunca disse tal frase e recusou-se a responder, antes de voltar a falar sobre a regularidade dos decretos de crédito suplementar.
Dalirio Beber questiona Dilma sobre governabilidade; presidente afastada fala novamente em eleições
O senador Dalirio Beber (PSDB-SC) questionou Dilma sobre a legitimidade do rito de impeachment. Além disso, perguntou como ela iria continuar a governar, caso inocentada, sem apoio do parlamento.
"Vossa excelência acredita de verdade que uma decisão proferida por dois terços dos senadores, com a presença do presidente do STF e com sua presença, com amplo direito de defesa, é mesmo um atentado à democracia?", perguntou.
Dilma respondeu. "Sem crime de responsabilidade, não interessa se respeitamos ou não o rito", disse. "Não há nenhum artigo que diga que perder maioria parlamentar [seja motivo para impeachment]."
"Esse regime é presidencialista, portanto a perda de maioria parlamentar e a avaliação do conjunto da obra [de um governo] só podem significar que nós devemos recorrer às eleições para encontrar um novo presidente".
44° senador questiona Dilma; quatro parlamentares ainda vão fazer perguntas
O senador Dalirio Beber (PSDB-SC) é o 44° a questionar Dilma Rousseff na sessão de julgamento do impeachment.
Depois dele, mais quatro senadores devem fazer perguntas para ela.
Grupo de manifestantes favorável ao impeachment samba nas proximidades do Congresso
Em Brasília, no lado dos favoráveis ao impeachment, o pequeno grupo reunido por volta das 21h30 —que, segundo a PM, era de 15 pessoas— sambava em frente a um carro de som que tocava músicas de protesto contra Dilma e o PT.
Numa delas, uma paródia à marcha de Carnaval "Cachaça é água", eles cantavam: "se você pensa que protesto é golpe, protesto não é golpe, não. O Collor foi por uma Elba, a Dilma foi o Petrolão."
Márcia Sakamoto, aposentada de 55 anos, do Movimento Pró-Impeachment, diz acreditar que na terça-feira o número de manifestantes será maior, já que é o dia da votação final.
Ao longo dos protestos, os manifestantes anunciaram que a vitória será comemorada com champanhe, repetindo o que ocorreu no afastamento da presidente pela Câmara, em que grupos usaram espumante para comemorar.
Para a aposentada, Dilma não tem mais chance. "Nem os petistas acreditam. Ela não tem mais nenhuma condição de governar."
Líder do impeachment é Eduardo Cunha e não Temer, diz Dilma
Ao responder o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), Dilma Rousseff afirmou que escolheu Michel Temer como vice por acreditar que ele representava a 'ala democrática do PMDB', mas que se equivocou.
A presidente afastada disse que o PMDB sempre representou o 'centro democrático' no Congresso Nacional, mas que se afastou dessa posição durante seu mandato —processo que atribui, em partes, ao papel desempenhado por Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados.
"Eu acredito que o senhor Michel Temer é um coadjuvante. Acho que o líder é o senhor Eduardo Cunha, ou era até pouco tempo".
'Com esse PMDB, eu nunca conviverei novamente', diz Dilma
"O problema de hoje é que as pessoas idiotas estão cheias de certezas e os inteligentes estão cheios de duvidas", disse o senador Telmário Mota (PDT-RR).
"E os idiotas são aqueles que tem certeza de que você [Dilma] cometeu crime", afirmou. De acordo com Mota, a dúvidas que persiste entre os "inteligentes" é com quem Dilma governará caso volte ao poder, já que perdeu o apoio da maior parte da antiga base aliada.
"Deus me livre do 'PMDB do mal'", respondeu Dilma. "Eu respeito muitos membros do PMDB. Não podemos esquecer o PMDB do Ulysses Guimarães, das lutas que levaram à Constituição de 1988".
"Mas algumas coisas ficaram muito difíceis. O Brasil sempre teve um centro democrático de lideranças progressistas. Lamento que a liderança tenha se tornado ultra-conservadora, sem padrões democráticos. Com esse PMDB, eu nunca conviverei novamente", disse.
Senador tucano questiona Dilma sobre compra da refinaria de Pasadena
38° senador a falar, Flexa Ribeiro (PSDB-PA) perguntou a Dilma sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Durante a questão, afirmou que a presidente afastada não tinha conhecimento dos pareceres técnicos sobre o tema e, mesmo assim, autorizou —comportamento que, segundo ele, difere do que Dilma alega adotar na presidência.
"A senhora disse que só assina decretos com os devidos pareceres de áreas técnicas, mas assinou a compra da refinaria de Pasadena sem ter conhecimento dos pareceres. Em qual dessas Dilmas o povo deve acreditar?", perguntou.
Dilma não respondeu. "Não posso responder essa questão porque ela confunde datas e não diz respeito ao assunto deste julgamento."
Três senadores desistem de perguntas; dez parlamentares ainda vão questionar Dilma
Roberto Rocha (PSB-MA), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Telmário Mota (PDT-RR) abriram mão de questionar Dilma Rousseff.
Com a desistência dos três senadores, restam dez parlamentares para questionar Dilma Rousseff —Ricardo Lewandowski projetou o final das perguntas para 23h30.
Agora fala o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).