O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de receber propina no esquema de corrupção da estatal, compareceu pessoalmente à CPI da Petrobras na Câmara. Em mais de 4 horas de depoimento, ele só falou sobre questões relacionadas à família; negou parentesco com José Dirceu e disse que sua mulher nunca procurou o ex-presidente Lula.
O deputado Paulinho da Força (SDD-SP) diz que foi vítima do "assalto" de Duque à frente da Petrobras. "Lá atrás quando foi aberta a possibilidade de trabalhadores comprarem ações da Petrobras, eu fui o primeiro metalúrgico a comprar. Eu tinha R$ 36 mil no FGTS e comprei R$ 18 mil, que era o permitido, e fiquei com R$ 18 mil no fundo. Os meus R$ 18 mil, chegaram a valer R$ 298 mil na Petrobras. Hoje, meu último extrato recebido pela Caixa, não passa de R$ 40 mil. Eu sou um dos que o senhor Renato Duque assaltou. Eu fui roubado pelo senhor na Petrobras".
Paulinho da Força (SDD-SP) critica: "Eu fico impressionado do senhor vir aqui e não falar nada. O senhor deu um prejuízo desgraçado para a Petrobras, pro Brasil, agora usa um avião da FAB, um punhado de policiais que devia estar trabalhando para vir aqui com o senhor, e o senhor vem aqui e não fala coisa nenhuma? Não tem vergonha de ficar calado?".
O deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) chama, por engano, Duque de Pedro Barusco e esboça uma reação exaltada do ex-diretor, balançando o dedo indicativo negativamente. "Não me confunda com Pedro Barusco", disse Duque.
Côrtes fez referência ainda à frase de Duque quando foi preso. Segundo interceptações telefônicas, ele exclamou na ocasião "que país é esse?". "O senhor vai ter bastante tempo de refletir 'que país é esse'", disse Côrtes.
André Moura (PSC-SE) sugere até mudar a Constituição para não permitir mais que investigados fiquem calados. Chama Duque de "corrupto".
"Calo-me por direito", passa a responder Duque.
Duque pela primeira vez responde a uma pergunta da CPI, do deputado Izalci (PSDB-DF) e nega que ele ou sua esposa tenham parentesco com José Dirceu, como citado nas delações premiadas.
"Quando eu digo infelizmente [não posso responder], é porque realmente tem determinadas perguntas que não tem nenhum problema de responder. Uma questão de parentesco é uma questão de árvore genealógica, basta olhar a árvore genealógica de um e de outro. Não tem nenhum parentesco, nunca teve".
E responde também sobre acusações de que sua esposa teria pedido ao ex-presidente Lula que Duque fosse solto, na primeira vez que foi preso.
"Minha esposa nunca esteve com o presidente Lula ou com o senhor [Paulo] Okamotto [do Instituto Lula]. Não conhece, nunca conheceu", afirmou Duque.
Duque explicou por que resolveu responder às perguntas que envolviam sua esposa dizendo que o deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) ameaçava convocá-la à CPI.
"Estou respondendo a essa pergunta, contrariando a orientação dos meus advogados, [porque] estou vendo o deputado Ônix falando que tem que colocar minha esposa aqui, eu estou entendendo como uma ameaça", disse.
O presidente da CPI anuncia que os últimos detalhes para a contratação da Kroll estão em andamento. #CPIdaPETROBRAS #TrabalhandoMuitoMais
— Hugo Motta (@HugoMottaPB) March 19, 2015
A Kroll fará investigação no exterior em busca de recursos desviados que ainda estejam escondidos. #CPIdaPETROBRAS #TrabalhandoMuitoMais
— Hugo Motta (@HugoMottaPB) March 19, 2015
Se Renato Duque invocando direito constitucional ao silêncio... Ou seja, falaremos a ninguém. pic.twitter.com/47ujdrQP9Z
— Marco Feliciano (@marcofeliciano) March 19, 2015