O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de receber propina no esquema de corrupção da estatal, compareceu pessoalmente à CPI da Petrobras na Câmara. Em mais de 4 horas de depoimento, ele só falou sobre questões relacionadas à família; negou parentesco com José Dirceu e disse que sua mulher nunca procurou o ex-presidente Lula.
É lógico que Renato Duque não pode falar,acertou o advogado,se falar agora,não terá o que negociar numa futura e provável delação premiada.
— Katia (@blogkatia) March 19, 2015
O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), lembra o caso do mensalão para tentar convencer Duque a falar. "A chance de ser protegido pelo PT é zero". "A postura do senhor Marcos Valério no mensalão foi que 'o PT vai me salvar'. Momentos antes de ser preso, tentou denunciar os envolvidos, e aí sua delação premiada não foi mais acolhida. Resultado: 40 anos de prisão".
Constituição diz que pode calar. Mas não vai diminuir responsabilidade de quem quer que seja. E tem mais quem cala, consente.#CPIdaPetrobras
— Onyx Lorenzoni (@onyxlorenzoni) March 19, 2015
Apesar dos ataques a Duque, o presidente da CPI Hugo Motta (PMDB-PB) adverte: "O silêncio, que não importará em confissão, não resultará em prejuízo à defesa".
O dep. Carlos Sampaio colocou uma abelha no cérebro do Renato Duque... Esta abelha vai incomodar...
— JDaniel (@JDanieldf) March 19, 2015
Ao comentar o silêncio de Duque, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) lembra o caso do agora ex-ministro Cid Gomes (Educação) nesta quarta-feira, que foi demitido após fazer críticas aos deputados em sessão no Congresso. "Ontem tivemos no plenário da Câmara um belo exemplo de como o uso correto ou errado das palavras pode ter consequências na vida real".
Celso Pansera (PMDB-RJ) continua: "Faremos todas as 15 perguntas que elaboramos para o senhor Renato Duque porque queremos que a sociedade saiba aquilo que o PMDB está fazendo aqui na Câmara".
Os deputados sugerem que Duque feche uma delação premiada. "Não vai sobrar ninguém com o senhor daqui a pouco, Renato Duque", afirmou Aluisio Mendes (PSDC-MA). "Depois de condenado, quando olhar pro lado, só vai sobrar o senhor na cadeia."
O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) usa sua fala para defender o partido e criticar as acusações da Operação Lava Jato, de que parte da propina era repassada ao PT por meio de doações. "É muito estranho: o PT recebe doações das empresas investigadas e é propina. O PSDB e o PMDB recebem e não é propina. Tem dois pesos e duas medidas?".
O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), ausenta-se da sessão para ir à secretaria da Câmara ser informado sobre o orçamento de contratação da empresa Kroll, especializada em investigação, para a CPI.