Os deputados e senadores elegeram os peemedebistas Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros neste domingo (1º) para ocupar a presidência da Câmara e do Senado. A eleição de Cunha já no primeiro turno representa uma derrota histórica do Palácio do Planalto, que vê a Câmara parar na mão de aliado incômodo. O PT havia tentado emplacar o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Também disputaram Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ). No senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) se reelegeu após disputa com um colega do próprio partido: derrotou Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) por 49 votos contra 31. Ambos os mandatos duram dois anos.
Chapa do PMDB para a presidência da Câmara, encabeçada por Eduardo Cunha (RJ).
Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos coordenadores da campanha de Júlio Delgado (PSB-MG), diz que Júlio terá 150 votos de deputados. "Não tem hipótese de o PT ganhar com a nossa ajuda no primeiro ou segundo turno", afirma. "Primeiro turno você vota a favor. Segundo você vota contra. Não vai ter orientação da bancada", explica.
Primeiro dos candidatos à presidência da Câmara discursar, Chico Alencar (PSOL-RJ) citou a Operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobras. Ele propôs que parlamentares denunciados pelo Ministério Público, com denúncia aceita pelo STF, desistam de assumir qualquer função de mando na Casa.
A fala foi um recado a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apontado como favorito na disputa. Ele foi citado por investigados na operação, mas nega envolvimento com o caso.
Ao subir no palco para discursar, Eduardo Cunha foi ovacionado pelo plenário da Câmara. Ao ser anunciado, muitos deputados puxaram o coro: "Brasil pra frente, Cunha presidente".
Uma funcionária que acompanha o discurso dos candidatos sussurra: "Deus nos ajude."
Em sua fala, Cunha repete o bordão de sua campanha: "Nem oposição, nem submissão ao governo."
Luiz Henrique, candidato derrotado à presidência do Senado, diz que chefe do Congresso precisa ter altivez em relação ao governo. Para ele, Renan se submete à presidente Dilma Rousseff quando faz indicações para ministérios ou estatais.
"O presidente do Congresso tem que ter uma relação altiva com o presidente da República. Agora, quando ele indica ministros, indica diretores para estatais, ele perde essa autoridade, ele perde essa altivez", diz Luiz Henrique.
O candidato do PSB à presidência da Câmara, Júlio Delgado (MG), discursa aos colegas.