A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (14) mandados de prisão e de busca e apreensão durante Operação Lava Jato. As buscas são concentradas em 11 grandes empreiteiras.
Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas num montante que supera R$ 10 bilhões. Durante a investigação, o doleiro Alberto Youssef -–que está preso e colabora com a Justiça por meio de delação premiada-– apontou que o esquema envolvia desvio de dinheiro Petrobras.
A Justiça decretou o bloqueio de R$ 720 milhões que pertencem a 36 investigados. Foi autorizado também o bloqueio integral de valores pertencentes a três empresas suspeitas de participar do esquema.
O ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (14) durante Operação Lava Jato
A Polícia Federal cumpriu até agora 6 dos 17 mandados de prisão em São Paulo nesta sexta (14). Há diligências em seis cidades do Estado: além da capital, Jundiaí, Santos, Osasco, Barueri e Santana do Parnaíba. Os presos estão na carceragem da PF na zona oeste paulistana e devem ser levados para Curitiba. Trinta equipes da polícia estão cumprindo os mandados no Estado.
Um dos mandados de prisão que a Polícia Federal tenta cumprir na manhã desta sexta-feira é contra o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Suspeito de operar em favor do PMDB junto ao esquema de corrupção na Petrobras, Baiano não foi localizado até o momento.
Um empresário de Santos (SP) foi preso pela Polícia Federal no Recife. O empresário é da área de engenharia, mas não teve o nome revelado. Ele foi detido no aeroporto quando embarcava para São Paulo. A PF também foi ao apartamento de outro empresário no bairro de Boa Viagem, zona sul do Recife. A identidade dele também foi preservada. A intenção dos policiais era apreender computadores, discos rígidos e dinheiro, mas não apreenderam nada. Segundo a PF nada de "relevante" foi encontrado.
Todos os presos na operação nesta sexta-feira (14) serão levados para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba até o início da noite.
Estas são as empreiteiras onde houve algum tipo de operação nesta sexta-feira: Camargo e Corrêa, OAS, Odebrechet, UTC, Queiroz Galvão,Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Iesa. Nesta lista há mandados de busca e apreensão e prisões de executivos e empresários.
Com a adesão de Mendonça Neto, já são quatro os delatores da Lava Jato: Paulo Roberto Costa, que foi diretor de abastecimento da Petrobras, o doleiro Youssef e os dois executivos ligados à Toyo. Todos prometeram contar o que sabem sobre o esquema de suborno na estatal para ter uma pena menor.
Na semana passada, o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, investigado pela Operação Lava Jato sob suspeita de ter pago propina por meio do doleiro Alberto Youssef, fez um acordo de delação premiada com os procuradores do caso. Ele é o segundo executivo a fazer um acordo de colaboração com a Justiça: o primeiro foi Julio Camargo. Ambos são ligados à Toyo-Setal, empresa controlada pela japonesa Toyo Engineering, que tem contratos de mais de R$ 4 bilhões com a Petrobras.
Na lista de presos, há donos e executivos de algumas das maiores construtoras do país por terem assinado contratos com o doleiro Alberto Youssef. Investigadores suspeitam que esses contratos se destinavam a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país.