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Motoristas e cobradores de ônibus fecham terminais em SP
Os motoristas e cobradores de ônibus paralisam desde as 10h desta quarta-feira (18) os terminais de ônibus de São Paulo, por reajuste salarial.
Segundo o Sindmotoristas (sindicato da categoria), a paralisação está programada para ocorrer até as 12h.
Os motoristas e cobradores reivindicam reajuste de 5%, além da correção da inflação, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 2.000, convênio médico gratuito, seguro de vida e auxílio funeral.
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A SPUrbanuss (sindicato patronal) diz não ser possível dar aumento maior para a categoria sem que haja reajuste na remuneração das empresas. Elas questionam que, mesmo após o aumento da passagem de R$ 3,50 para R$ 3,80 no início deste ano, a administração não só manteve mesmos os mesmos subsídios como vem atrasando os repasses com frequência.
Como o reajuste dos trabalhadores ocorre sempre em maio, o SPUrbanuss já havia alertado a prefeitura que não pode arcar com o aumento pedido pelos motoristas. A gestão Haddad nega que venha ocorrendo atrasos, mas busca negociar o reajuste com os trabalhadores com o argumento de que não há recursos para os valores exigidos.
Em 2015, a prefeitura transferiu às empresas algo em torno de R$ 1,7 bilhão em subsídios, valor que pode chegar a R$ 2,1 bilhões neste ano, mesmo sem o reajuste. Esses subsídios acontecem porque a tarifa paga pelos passageiros não é suficiente para cobrir os custos da operação, já que a administração tem que arcar com as gratuidades para idosos e estudantes, por exemplo.
Desde 2013, parte das empresas (que usa ônibus convencionais e articulados nos grandes corredores viários) atua por meio de aditivo de contrato. Outra parte –os antigos perueiros, que atuam com ônibus menores– trabalha sob contratos emergenciais, já que a licitação que deveria ter sido finalizada no ano passado foi suspensa por recomendação do Tribunal de Contas do Município.
Valdovan Noventa, presidente do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), discursa em caminhão de som para cerca de 50 motoristas no terminal Dom Pedro 2, confira no vídeo abaixo.
Ele diz que a culpa da paralisação é do prefeito Fernando Haddad (PT) e que nesta quinta (19) haverá uma nova paralisação, das 14h às 16h.
"Essa manifestação é para chamar a atenção das autoridades públicas desta cidade, haja vista que o prefeito concedeu 600 mil gratuidades no final do ano, aumentou o tempo do Bilhete Único. Aí eu fico perguntando: quem vai pagar essa conta? Essa conta não é do trabalhador de transporte. Se o prefeito achou que ia diminuir a frota, demitir cobradores para dar esses benefícios, esse assistencialismo para se manter no cargo, ele caiu do cavalo", disse Noventa.
Passageiros fazem foto dos ônibus parados, no terminal João Dias, na zona sul da cidade. "Estou enviando para o meu chefe, para ver se ele acredita", diz Gardênia Alves, de 30 anos. Ela é funcionária de um restaurante e não vai conseguir chegar ao trabalho. "O meu chefe está preocupado porque nenhum empregado está conseguindo ir".
Marina Estarque/Folhapress Passageira fotografa paralisação de motoristas no terminal João Dias Desempregada, a assistente social Julice Batistello, 48, vinha de uma entrevista de emprego em Moema. Pegaria um ônibus que vai para a região do Brás para outra entrevista. Assim como os demais passageiros de um ônibus da linha 5185-10 (Terminal Guarapiranga), Julice desceu fora da plataforma, na chuva.
Os ônibus parados ocupavam os locais de desembarque com cobertura dentro do terminal Dom Pedro 2. Enrolada num saco de lixo, Julice tentava proteger o cabelo, a maquiagem e terninho preto. "Não sei o que fazer. Tenho meia hora para chegar na empresa para a entrevista. Como é que eu vou pegar um táxi se eu não tenho nem dinheiro?"
Passageiros que chegaram, às 10h20, ao terminal Dom Pedro 2 são desembarcados fora da plataforma, na chuva. Confira vídeo abaixo.
O corredor de ônibus da avenida Rebouças virou uma fileira de ônibus estacionados na altura da rua Oscar Freire e os passageiros foram obrigados a descer na chuva.
O passageiro Gutenberg Souza Magalhães (foto abaixo), 46, teria que iniciar seu expediente às 11h no centro, mas está parado no ponto de ônibus. Ele não tem guarda-chuva e acredita que se molharia muito se fosse andando até a estação Paulista de metrô, que fica a mais de 1 km de distância.
Gutenberg sai de sua casa todos os dias às 8h30 para ir a um condomínio comercial no bairro República, onde trabalha como auxiliar de serviços gerais.
Paula Reverbel/Folhapress Gutenberg Souza Magalhães chegará atrasado no trabalho com protesto de motoristas Paula Reverbel/Folhapress Motoristas desligam coletivos e param no corredor de ônibus na avenida Rebouças O Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano) é filiado à UGT (União Geral dos Trabalhadores). Segundo o presidente do sindicato dos motoristas, Valdevan Noventa, o fechamento também atinge os principais corredores de ônibus. Ele disse ainda que uma nova paralisação já foi marcada pela categoria para esta quinta-feira (19), das 14h às 16h.
Quando a paralisação começou, muitas passageiros do terminal Bandeira, região central da cidade, reclamaram que pagaram a passagem e foram retirados dos coletivos. "Eles chegaram e falaram que era o último ônibus. Todo mundo entrou. Na saída do terminal, não deixaram o ônibus sair. Todo mundo pagou a passagem e agora ninguém quer reembolsar", diz Lays oliveira margutti, 22, radiologista.
"Não sei se pego um Uber ou o trem", diz Lays, que vai para a região do Morumbi. Já a representante comercial Michele de Brito, 35, estava indo para uma entrevista de emprego em um condomínio às 10h. "Agora já era, vou tentar remarcar, mas estou com medo de perder a vaga", diz. Ela saiu de São Mateus, zona leste, e faria a entrevista na região dos Jardins. Não sabia da paralisação de motoristas. "Fiquei sabendo só quando cheguei [ao terminal]."
Zanone Fraissat/Folhapress Motoristas e cobradores de ônibus param as atividades no terminal Dom Pedro, região central de São Paulo