Temer obtém votos para barrar denúncia de corrupção na Câmara
A Câmara dos Deputados barrou nesta quarta-feira (2) a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa o presidente Michel Temer de ter cometido crime de corrupção.
Às 20h41, 184 deputados haviam se posicionaram contra autorização para o Supremo Tribunal Federal analisar o caso, possivelmente levando ao afastamento do presidente por 180 dias. Outros 157 haviam sido favoráveis ao aval a essa acusação do Ministério Público, que tem como base a delação de executivos da JBS.
O número mínimo de votantes para que a sessão fosse considerada válida era 342 e o placar terminou com 263 votos contrários à denúncia e 227 a favor. Quase todos os partidos governistas deram voto contra Temer, até PMDB
Temer nega todas as acusações e diz que a peça assinada por Rodrigo Janot é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por um "cafajeste" e "bandido" –em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente no porão do Palácio do Jaburu. Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.
Após a sessão no plenário da Câmara, Temer fez um apelo pela conciliação nacional e disse que a decisão de barrar denúncia contra ele por corrupção passiva é "uma conquista do estado de direito".
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Manifestante solitário se amarra a cruz
No dia da votação da denúncia contra Michel Temer na Câmara, o "empresário falido" André Rhouglas, 56, se amarrou a uma cruz como manifestação contra o presidente Michel Temer. Ele é a única pessoa protestando em frente ao Congresso.
Rhouglas, de Ponte Nova (MG), já participou de outros protestos, inclusive pela saída da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele também era o único manifestante em frente ao TSE em junho, na votação da cassação da chapa.
Ele diz que está há 18 horas amarrado na cruz. "Acho um absurdo estar sozinho. O brasileiro reclama e pouco faz. Eu estou fazendo minha parte", diz. (JOSÉ MARQUES)
José Marques/Folhapress André Rhouglas, 56, se prendeu a uma cruz para manifestar contra o presidente Michel Temer Cafezinho vazio
Nem mesmo o cafezinho que fica no plenário da Câmara tem plateia para acompanhar a sessão. Às 10h, apenas cinco deputados, dois jornalistas e um garçom estavam no local. (DANIEL CARVALHO)
Daniel Carvalho/Folhapress Cafezinho que fica no plenário da Câmara está vazio "Coloca-se, com essa denúncia, no banco dos réus o presidente da República, enquanto se coloca , por meio dessa mesma denúncia, no altar da santidade um criminoso confesso e delator"
ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA, advogado de Michel TemerLeonardo Picciani diz que governo demonstra confiança
Leonardo Picciani (PMDB-RJ) afastou-se temporariamente do Ministério do Esporte para reassumir o mandato e votar contra denúncia da PGR.
"Deve ser negada pelo plenário a licença para processar imediatamente o presidente da República"
PAULO ABI-ACKEL (PSDB-MG), relator da denúncia na CCJRelator 'acentua' conduta 'exemplar' de Rodrigo Maia
O parecer de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) diz que "cabe acenturar" a conduta "exemplar, superior e isenta" do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), desde que a denúncia contra o presidente Temer foi encaminhada à Casa.
A movimentação política de Maia, aliado do presidente, chegou a gerar suspeitas por parte da Presidência de que o parlamentar estaria se articulando para tomar o lugar de Temer.
Governo e oposição deixam estratégias de atuação em aberto
Governo e oposição concordam em ao menos um ponto: a estratégia de atuação de ambos está diretamente ligada ao relógio. O governo quer tentar chegar ao número de 257 deputados até o início da tarde. Neste momento, vão avaliar se já apresentam requerimento para encerrar a discussão e começar a votação.
Governistas esperam encerrar votação entre 19h e 20h, no máximo.
Já a oposição não quer dar quorum até o final da tarde. Estão de olho na TV: querem que a votação aconteça à noite, quando a maior parte da população já está em casa.
Os opositores do presidente também devem voltar a se reunir no início da tarde. (DANIEL CARVALHO)'Esperamos resolver hoje essa questão', diz advogado de Temer
Veja depoimento de Antônio Cláudio Mariz à Folha.
Notas falsas têm rosto de Temer
Dinheiro falso levado à Câmara por deputados do PSOL tem o rosto do presidente. Protesto faz referência à principal acusação contra Temer, a de que ele é o destinatário final de uma mala de R$ 500 mil da JBS.
Ranier Bragon/Folhapress Notas levadas pelo PSOL para a sessão de votação da denúncia contra Temer "Medidas restritivas na economia têm seu preço na queda dos índices de popularidade do presidente. A questão que se coloca é saber se no Brasil seria possível apelar para paliativos, embalados em grandes campanhas de publicidade. A solução seria agressiva. (...) Seja por mérito, seja pela falta de opções, as medidas tomadas pelo governo, restritivas como são, tinham mesmo que despertar insatisfações"
PAULO ABI-ACKEL (PSDB-MG), relator do parecer da denúncia na CCJ