Temer obtém votos para barrar denúncia de corrupção na Câmara
A Câmara dos Deputados barrou nesta quarta-feira (2) a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa o presidente Michel Temer de ter cometido crime de corrupção.
Às 20h41, 184 deputados haviam se posicionaram contra autorização para o Supremo Tribunal Federal analisar o caso, possivelmente levando ao afastamento do presidente por 180 dias. Outros 157 haviam sido favoráveis ao aval a essa acusação do Ministério Público, que tem como base a delação de executivos da JBS.
O número mínimo de votantes para que a sessão fosse considerada válida era 342 e o placar terminou com 263 votos contrários à denúncia e 227 a favor. Quase todos os partidos governistas deram voto contra Temer, até PMDB
Temer nega todas as acusações e diz que a peça assinada por Rodrigo Janot é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por um "cafajeste" e "bandido" –em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o presidente no porão do Palácio do Jaburu. Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.
Após a sessão no plenário da Câmara, Temer fez um apelo pela conciliação nacional e disse que a decisão de barrar denúncia contra ele por corrupção passiva é "uma conquista do estado de direito".
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Temer abre gabinete em último esforço para barrar a denúncia
Em um último esforço para barrar a denúncia, o presidente Michel Temer abriu o gabinete presidencial na manhã desta quarta-feira (2) para deputados governistas e oposicionistas.
Em três horas, o peemedebista recebeu 19 parlamentares, de partidos como PSB, PSD e PR, cujas bancadas estão divididas na votação da acusação.
No final da manhã, o presidente voltou a se reunir com o advogado Antonio Mariz Oliveira e deve almoçar com ministros e aliados no Palácio do Planalto. (GUSTAVO URIBE)
Encerramento da discussão é aprovado
Requerimento de encerramento da discussão foi aprovado por 292 votos a 20, e duas abstenções.
Estratégia de apresentação desse requerimento pela base do governo foi fechada com Michel Temer em reunião no Palácio do Jaburu no domingo (30).
Auxiliares do presidente avaliavam que o prolongamento do debate criaria no plenário uma espécie de "palco" para desgastar ainda mais a imagem do peemedebista. (MARINA DIAS)
Alckmin defende desembarque do PSDB em até 50 dias
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu a saída do PSDB do governo em até 50 dias, prevendo que a Câmara não afastará Michel Temer (PMDB) da Presidência na votação desta quarta.
"Nós defendemos completar as reformas. Daqui 45 dias, 50 dias, se não fizer a reforma política, não vai fazer mais. A da Previdência, se não votar logo, vai ficar difícil", afirmou, em Campinas (SP). "Então, encerrado esse período, se depender de mim, nós não teremos cargos no governo."
Alckmin também se disse favorável a uma alteração na legislação de modo que denúncias contra o presidente da República não precisem ser autorizadas pela Câmara nem impliquem afastamento do cargo.
"Se o procurador-geral entende que há uma denúncia, encaminha ao Judiciário, que aceita ou não. Para prefeito ou governador, ninguém precisa pedir autorização", argumentou.
Sobre o afastamento de seis meses do presidente em caso de aceitação de denúncia, ele disse: "Imagine que você afastou e depois chega à conclusão que a denúncia é inepta. Como você repara isso? Isso é do tempo que se dizia que o presidente podia interferir no Judiciário. Hoje não existem mais essas coisas." (THAIS BILENKY)
Planalto faz projeção de 260 votos a favor de Temer
Momentos antes do início da votação da denúncia contra Michel Temer, o Palácio do Planalto faz uma projeção de 260 votos a favor do presidente no plenário.
O governo trabalhava para conquistar o apoio de ao menos 257 deputados, o que representaria metade da Câmara. Para os articuladores de Temer, deve haver cerca de 30 abstenções, que eles pretendem contabilizar como votos pró-governo. (BRUNO BOGHOSSIAN)
Sessão atinge quorum de 342 deputados
A Mesa da Câmara afirma que há quorum de 342 parlamentares, necessários para votar a denúncia contra Temer.
Neste momento, os parlamentares deliberam se encerrou a etapa de discussões da votação. Isso pode acontecer com mínimo de 257.
Rodrigo Maia diz que a presença dada em plenário é a que vale. Já tem 342 deputados presentes na conta dele. "Eu disse que terminaria hoje de tarde", diz o presidente da Câmara.
Para Maia, faltam 15 deputados
Nas contas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), às 12h20, faltavam apenas 15 deputados para chegar ao número mínimo de 342 deputados para iniciar a votação.
A contabilidade de Maia está levando em consideração quem fez uso da palavra no plenário, mas não registrou presença. Neste momento, enquanto o plenário vota requerimento, o painel zera o número de deputados presentes. (MARINA DIAS)
Quais são as estratégias do governo e da oposição?
Vídeo explica a votação da denúncia contra Temer e seus resultados
Deputado pede encerramento da discussão e oposição entra em obstrução
Depois de o deputado Fausto Pinato (PP-SP), aliado do Planalto, defender encerramento de discussão —o que abre caminho para o início da votação—, Carlos Zarattini, líder do PT, afirmou que sua bancada irá obstruir a sessão por não querer registrar presença.
Zarattini afirma que não houve debate o suficiente e sequer a discussão. O PDT, PSOL e o PC do B também entraram em obstrução.
O PSDB rejeitou o requerimento de Pinato. Neste momento, já votaram pelo encerramento da discussão o bloco do PP, Podemos e PT do B, além do PR, PSD, DEM, PRB, Solidariedade e PPS.
Para ministro, reclamação sobre emendas é 'chororô'
O ministro Leonardo Picciani (Esporte) disse que as reclamações sobre a liberação de emendas parlamentes pelo governo em troca de apoio são "chororô de quem não tem voto".
Para garantir os 172 votos necessários na Câmara dos Deputados para barrar a denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer, o Palácio do Planalto liberou R$ 2,3 bilhões em emendas nos dois últimos meses.
As emendas estão sendo negociadas inclusive durante a sessão. A Folha flagrou o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) dentro do plenário da Câmara com uma planilha que mostra emendas já liberadas.
Picciani se licenciou do ministério nesta quarta (2) para reassumir o mandato de deputado federal pelo PMDB do Rio de Janeiro e votar contra a denúncia do presidente Michel Temer. Para o ministro, a acusação contra Temer é "inepta" e o governo deve conseguir os votos necessários para frear a denúncia.
"O presidente sairá fortalecido e mostrará a força política de que dispõe", disse. (TALITA FERNANDES)