PM e manifestantes entram em confronto em ato contra Temer; siga
Centrais sindicais e movimentos de esquerda de diversos Estados marcham em Brasília nesta quarta (24) contra o presidente Michel Temer (PMDB) e as reformas da Previdência e trabalhista. Eles pedem também a realização de eleições diretas.
As Forças Armadas foram convocadas para controlar a situação na Esplanada dos Ministérios.
O confronto de quase quatro horas entre manifestantes e PMs começou por volta das 13h30, depois que um grupo tentou ultrapassar as grades que isolavam o Congresso. Foram disparadas bombas de gás e de efeito moral. A cavalaria da PM chegou a investir contra os manifestantes, que responderam jogando pedras e paus.
Depois, foram depredadas as fachadas de ao menos sete ministérios (Planejamento, Saúde, Fazenda, Cultura, Trabalho, Ciência e Tecnologia e da Agricultura), e o governo ordenou que todos os prédios da Esplanada fossem esvaziados. Segundo a Secretaria de Segurança do DF, quatro pessoas foram detidas.
Em pronunciamento, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, classificou como "baderna" e "descontrole" os episódios de vandalismo e depredação. Segundo ele, os militares farão a segurança de prédios públicos, e não a repressão a manifestantes.
Chamado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e pelas centrais sindicais, a manifestação saiu do estádio Mané Garrincha e segue em direção ao Congresso Nacional.
Os organizadores falam em mais de 100 mil pessoas, e o governo do DF, 35 mil. Ao menos 500 ônibus chegaram a Brasília oriundos de outros Estados.
Em nota, a Frente Brasil Popular repudiou "veementemente o uso de repressão policial e das Forças Armadas", medida que sinaliza a fraqueza crescente do governo Temer após denúncias de corrupção.
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PM atira balas de borracha em manifestantes e deixa pelo menos dois feridos
PM dispara bala de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta em grupo pacífico de manifestantes. Ao menos duas pessoas ficaram feridas. A advogada Paula Mendes, ferida na perna, foi uma delas.
A PM está varrendo todo o Eixo Monumental e disparando bombas e spray quando encontra algum grupo.
Igo Estrela/Folhapress Manifestante ferido é atendido em Brasília Senador Humberto Costa critica decisão de convocar as Forças Armadas
O senador Humberto Costa (PT-PE) escreveu no Twitter que o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), continua "sentado na cadeira, alheio a tudo, conduzindo uma sessão, como se nada tivesse acontecido". E concluiu: "Um escárnio!"
Eunício Oliveira mencionou a mensagem no plenário da Casa e esclareceu que a ordem do dia do Senado já estava encerrada e que ele manteve a sessão para dar a palavra aos senadores.
Na tribuna, Humberto Costa pediu que Eunício Oliveira convoque uma reunião de líderes para discutir a convocação das Forças Armadas e entrar em contato com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para confirmar qual foi o teor do pedido que fez ao Palácio do Planalto em relação aos militares.
"O presidente da República extrapolou as suas competências e tomou uma decisão que compromete a democracia brasileira", afirmou o senador petista.
Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados/Divulgação Tumulto no plenário da Câmara durante sessão Senador Randolfe Rodrigues critica decisão de acionar Forças Armadas contra protesto
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou a decisão do presidente Michel Temer de recorrer aos militares e comparou a situação atual à ditadura militar.
"Não tem cabimento chamar as Forças Armadas. O presidente está querendo romper o nosso frágil tecido constitucional", disse.
"O uso das Forças Armadas cabe quando todos os mecanismos polícias de segurança tiverem sido esgotados. Mas não é o caso, não foram esgotados."
Rojão estoura em mão de manifestante em Brasília
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que, entre os feridos no protesto em Brasília, o caso mais grave é o de um homem que se machucou com o estouro de um rojão em sua mão. Também houve um homem baleado, mas a secretaria ainda não tem informações sobre seu estado de saúde.
Ambos estão sendo atendidos no Hospital de Base. O manifestante ferido por um rojão passa por cirurgia de reconstituição da mão.
"Foi acionado o Plano de Catástrofe, que envolve os Hospitais de Base, Hospital Regional da Asa Norte e Hospital Universitário de Brasília. Os casos de traumas mais graves são tratados no Base e os outros dois hospitais funcionam como suporte. Houve casos menos graves, de ferimentos com tiro de borracha e outros do tipo, que estão sendo levantados", informou a Secretaria de Saúde.
Com gramado esvaziado, PM continua jogando bombas em frente a ministérios
Restam bem menos manifestantes na Esplanada, mas o choque continua lançando bombas próximo ao ministério do Comércio Exterior. Manifestantes revidam e usam escudos improvisados. Eles estão sendo empurrados em direção à Catedral e à rodoviária de Brasília. Cavalaria chegou agora para reforçar a atuação da PM.
Marco Aurélio, ministro do STF, fala sobre Exército nas ruas
"Presidente, voto um pouco preocupado com o contexto e eu espero que a notícia não seja verdadeira. O chefe do poder Executivo teria editado um decreto autorizando o uso das Forças Armadas do DF no período de 24 a 31 de maio", disse o ministro Marco Aurélio em sessão do STF. O tribunal vota uma questão tributária nesta quarta (24).
Prédios da Esplanada tiveram vidros quebrados em manifestação
Nos dois prédios do ministério da Fazenda, bloco P e bloco F, os danos foram vidros da portaria quebrados. (Dois no bloco P, edifício-sede).
Os prédios não foram invadidos.
Um sargento da tropa de choque afirmou à reportagem que "mascarados estão depredando veículos" em Brasília. Em nota, a Força Sindical lamentou a "infiltração de black blocs" no ato "grandioso e significativo" desta quarta.
Rubens Valente/Folhapress Depredação em Brasília Deputados da base e da oposição se agridem durante sessão
Deputados da base e da oposição se agridem fisicamente durante sessão, após Presidência decretar Forças Armadas na rua para garantir a ordem.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) não estava presidindo a sessão quando a confusão começou. Sessão foi suspensa pelo vice-presidente, deputado Fufuca (PP-MA). Depois, Maia voltou para pedir calma e suspendeu a sessão por 30 minutos.
"Meu pedido ao governo foi pela Força Nacional. A decisão do governo foi pelo que ele achou necessário ", disse.
Veja vídeo da confusão.
Gramado da Esplanada fica vazio após intervenção do Choque
Após a PM soltar bombas por mais de uma hora, o gramado da Esplanada dos Ministérios foi esvaziado. Quem participava da manifestação está indo em direção à rodoviária.
Veja, abaixo, vídeo do confronto.
PM atira bombas no gramado ao lado da Esplanada, assista