Os metroviários rejeitaram, em assembleia realizada na noite desta quarta-feira (11), a retomada da greve da categoria na capital paulista. A paralisação durou cinco dias, e foi suspensa na noite de segunda-feira (9). O grupo, porém, ameaçava retomar a greve caso funcionários demitidos não fossem readmitidos.
A categoria teve uma reunião com representantes do Metrô durante a tarde desta quarta e pediu a readmissão dos 42 funcionários, mas o pedido foi rejeitado. Segundo o Metrô, esses trabalhadores se envolveram em ocorrências graves, como arrombamentos e agressões durante piquetes.
“A categoria está de parabéns. Enfrentou um governo poderoso e parou a maior cidade da América Latina. Conseguimos reajustes importantes, mas paramos nos nossos próprios limites. E por isso, voltamos a trabalhar na segunda”, afirmou Altino Prazeres Junior, presidente do sindicato dos metroviários.
Ele defendeu, antes da votação, continuar com a luta pela readmissão dos 42 funcionários, mas sem paralisação. “Vamos lutar pela readmissão até o fim, e pagar para eles ficarem conosco. Vamos fazer uma campanha financeira com a categoria e com a população”, afirmou.
Paulo Pasin, um dos funcionários demitidos, afirmou que “não fazer greve não é recuo, mas ato de inteligência para fortalecer a luta e enfraquecer o governo Alckmin”. Ele ainda completou afirmando que “manter a greve vai dividir e colocar trabalhador contra trabalhador”.
Fábio Gregório, também demitido durante a paralisação, defendeu o contrário. “Não podemos recuar dessa greve sem readmissão. (...) Nesse momento, eu quero meu emprego”, afirmou ele.
ASSEMBLEIA
A assembleia desta noite reuniu bem menos trabalhadores do que as anteriores, quando a greve ainda estava em andamento. O sindicato da categoria não estimou a quantidade de pessoas na assembleia, que em outros momentos chegou a reunir cerca de 3.000 pessoas.
Outros movimentos, porém, marcaram presença e defenderam a causa dos metroviários. O sindicato afirmou que tem o apoio de 89 entidades, entre movimentos sociais, centrais sindicais, diretores estudantis e outros sindicatos. Na assembleia, estavam membros do MST (Movimentos dos Sem-Teto), motoristas de ônibus e outros.
“Falavam que em 2014, o povo só ia querer saber da Copa. Mas os garis, os sem-teto, os metroviários mostraram que é momento de luta”, afirmou um representante do MST durante a assembleia. “Também estamos na luta pela readmissão dos 42 demitidos, eles são nossos heróis”, completou.
O superintendente do Ministério do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, também discursou. Ele afirmou que não foi até lá para “incendiar”, mas para “buscar alternativas, buscar solução”. “Tentamos intermediar um encontro entre metroviários e o metrô. Mas não tenham ilusão. O Ministério está com os trabalhadores”, acrescenta.
“Acho que, pessoalmente, essa greve teve duas vitórias econômicas. Sem a greve não haveria a reestruturação da carreira de seguranças e da manutenção, que eram reivindicações históricas. Agora nos resta a reintegração dos 42 companheiros [funcionários do Metrô exonerados pelo governo do Estado na segunda-feira]”, afirma Medeiros.
A deputada Luiza Erundina (PSB) também esteve no local e afirmou que, se a categoria concordar, apresentará projeto de lei na Câmara um pedido de anistia aos demitidos por causa da greve, devolvendo o emprego a eles.
As estações Vila Mariana, Santa Cruz, Praça da Árvore e Saúde, da linha 1-azul, começaram a funcionar às 12h15, segundo o Metrô. Com isso, estão abertas 38 das 61 estações administradas pelo governo, além das seis da linha 4-amarela, operada pela iniciativa privada.
Usuários pulam a catraca na estação Paraíso do metrô.
A polícia foi reforçada na estação da Sé
Há relatos de usuários pulando catraca na Sé. De acordo com funcionários do metrô, cerca de 60 pessoas entraram na estação sem pagar.
Os metroviários declaram encerrado o ato que realizavam nesta manhã em frente ao prédio da secretaria estadual de Transportes Metropolitanos, na região central de São Paulo. Eles realizarão assembleia da categoria logo mais às 13h, para decidir se continuam ou não a paralisação que já dura cinco dias.
"Vamos ter uma assembleia às 13h no sindicato, estamos tentando falar com o governo para tentar uma negociação, e vamos deixar claro que não vamos aceitar nenhuma demissão", disse o presidente do sindicato dos metroviários, Altino Prazeres, durante ato em frente à secretaria de Transportes Metropolitanos, na região central de São Paulo.
A linha 1-azul segue funcionando entre as estações Ana Rosa e Luz. A linha 2-verde funciona entre Ana Rosa e Vila Madalena. As linhas 4-amarela, que é privatizada, e 5-lilás operam sem restrições.
Com isso, a linha 3-vermelha opera entre as estações Marechal Deodoro e Penha.
Segundo o Metrô, as estações Carrão e Penha, da linha 3-vermelha, voltaram a funcionar a partir das 11h17.
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, afirma que conversa com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de 20 em 20 minutos. "Não há o que retroceder um milímetro. A gente tem que fazer cumprir a lei", disse.