Depois de aprovar a admissibilidade do pedido de cassação contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Conselho de Ética da Câmara continua a analisar o processo contra o presidente da Câmara, acusado de mentir sobre a existência de contas suas na no exterior.
Nesta terça, por 11 votos a 9, o Conselho decidiu votar com o relator Marcos Rogério (PDT-SP), que deu parecer favorável à continuidade da ação contra Cunha.
A decisão, contudo, tem grande chance de ser anulada. Aliados do peemedebista recorreram da decisão do Conselho que impediu um novo pedido de vista que provocaria o oitavo adiamento e jogaria a votação para 2016. Como se trata de uma decisão do plenário do Conselho, o recurso será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, presidida por Arthur Lira (PP-AL), um dos principais aliados de Cunha.
Logo no início da sessão, foi negado um pedido de vista ao novo parecer.
Na última sessão, o conselho oficializou o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) como novo relator. A mudança gerou um novo adiamento sobre a decisão --que pode ficar até para 2016.
A reunião da semana passada quinta teve até briga entre deputados pró e contra Cunha.
Esta ocorre no mesmo dia em que o peemedebista foi alvo de nova fase da Lava Jato. A Polícia Federal cumpriu, nesta terça, mandados de busca e apreensão em endereços de Cunha. A ação também atingiu outros políticos do PMDB.
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O novo relator da representação contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, Marcos Rogério (PDT-RO), apresentou parecer opinando pela continuidade do processo de cassação do mandato do presidente da Câmara. Rogério ratificou texto apresentado pelo relator anterior, Fausto Pinato (PRB-SP), destituído da função por manobra patrocinada por Cunha.
Rogério também afirmou que a troca de relator não pode levar o processo de volta à estaca zero, com novos prazos para defesa ou novo pedido de vista do relatório.
"Lembro que já estamos a sete sessões votando a matéria", destacou o pedetista.
Aliados de Cunha vão pedir vista do relatório e tentar atrasar mais uma vez o trâmite do processo. O próprio presidente da Câmara já afirmou considerar que a troca de relator leva o processo ao seu estágio inicial.
Mais cedo, o advogado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, Marcelo Nobre, havia afirmado que a busca e apreensão na casa de seu cliente só reforça a tese da defesa.
"Isso [a ação da Polícia Federal e do Ministério Público] só reforça a nossa defesa, só reforça. Porque a defesa tem dito duas questões: que não tem prova. E o que decorre da busca e apreensão na casa do meu cliente? A busca de prova. A segunda, a de que o Conselho não tem o poder investigativo, que é do Supremo Tribunal Federal", afirmou Nobre, acrescentando: "Não existe absolutamente prova nenhuma, porque a denúncia não faz prova, as delações não fazem provas.
"A rejeição de uma representação, em proveito ao representado, somente se mostra autorizada quando flagrantemente demonstrado, ao puro exame da peça vestibular e dos documentos que a instaurem, ausência de condições de procedibilidade", diz o novo relator da representação, Marcos Rogério (PDT-RO) em seu voto.
Nesta fase, o Conselho decide apenas se há elementos mínimos para que o processo contra Cunha prossiga.
O Conselho de Ética rejeitou adiar mais uma vez a votação da continuidade ou não do processo de cassação contra Cunha. Aliados do peemedebista queriam a protelação sob o argumento de que a troca de relator leva o processo à estaca zero.
O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), negou novo pedido de vista ao novo parecer, feito pelo deputado Genecias Noronha (SD-CE). Sua decisão foi ratificada pelo Conselho por 11 votos a 9.
Aliados de Cunha devem recorrer da decisão à presidência da Câmara, comandada pelo peemedebista. Na semana passada manobra similar levou à destituição do relator, Fausto Pinato. Cunha se eximiu de tomar uma decisão sobre um caso que lhe diz respeito, mas a repassou ao vice e seu aliado, Waldir Maranhão (PP-MA).
A ação da PF e do Ministério Público é, como esperado, tema central dos debates de hoje do Conselho. Aliado de Cunha, Carlos Marun (PMDB-MS) faz paralelo com a época da ditadura militar, dizendo que deputados não podem votar sob as armas da Polícia Federal. Adversário do presidente da Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG), rebate: "Ele [Cunha] já se expôs, expôs a sua família e e agora expõe o Parlamento. A instituição tem que estar acima dele."
O deputado Zé Geraldo (PT-PA) diz no microfone da sessão do Conselho de Ética que Eduardo Cunha irá renunciar à presidência da Câmara ainda nesta terça-feira. O petista não deu detalhes nem disse de onde obteve a suposta informação.
Ainda o deputado Zé Geraldo (PT-PA): ele diz durante a sessão que está em curso um acordo entre Cunha e a oposição para que ele renuncie à presidência da Câmara e seja eleito outro deputado com credibilidade para conduzir o processo de impeachment. Em troca, a oposição ajudaria a enterrar o processo de cassação no Conselho.
Devido à turbulência do dia, o Conselho discute a possibilidade de adiar pela oitava vez a votação.
Após muita negociação e troca de telefonemas, base de Cunha desiste de tentar adiar votação do parecer, o que indica expectativa de que tenham reunidos votos para barrar o processo.