As duas principais sindicais do país, CUT e Força Sindical, comemoraram nesta sexta-feira (1º) o Dia do Trabalho com pautas opostas. A festa na CUT virou um ato contra o projeto aprovado na Câmara que amplia a terceirização --a central ameaça com uma greve geral caso o Senado mantenha o texto como está para forçar a presidente Dilma Rousseff a vetá-lo.
O evento da Força --que contou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG)-- virou ato de repúdio a Dilma. O deputado Paulinho da Força (SDD-SP) chegou a dizer ao público: "Quem quer essa desgraçada fora, levanta o braço".
Cunha afirmou que Dilma comete um equívoco ao atacar o projeto da terceirização, afirmando ser perigoso quando a presidente, que tem uma ampla base, "assume a pauta do PT".
Cunha afirmou que Dilma comete um equívoco ao atacar o projeto da terceirização, afirmando ser perigoso quando a presidente, que tem uma ampla base, "assume a pauta do PT".
Aécio acusou o atual governo de ser o mais corrupto da história do país.
Coube ao ex-presidente Lula a defesa de Dilma na CUT. Segundo ele, quem mexer com ela estará mexendo "com milhões e milhões de brasileiros". Lula disse que irá enfrentar quem pedir o impeachment da presidente.
Ele ainda criticou reportagem da revista "Época", que afirma que ele é investigado por suspeita de tráfico de influência, e insinuou que poderia disputar a Presidência novamente.
"A elite brasileira teme que eu volte à Presidência da República. É um medo inexplicável, porque eles nunca ganharam tanto inheiro na vida quanto no meu governo."
"Estou quietinho. Mas não me chamem para briga porque sou bom de briga", disse.
Fim da transmissão.
Os atos políticos nas festas das centrais sindicais acabaram.
Lula atacou a "elite brasileira" e disse que vai voltar a viajar pelo país.
"Sou um cidadão quase que aposentado. O que me deixa inquieto é o medo que a elite brasileira teme que eu volte à Presidência. É um medo inexplicável, porque eles nunca ganharam tanto dinheiro na vida quanto no meu governo."
Ele também criticou aqueles que pedem o impeachment de Dilma.
"Vou começar a desafiar aqueles que não se conformam com o resultado da democracia. Eles têm que saber que se tentar mexer com a Dilma, eles não estão mexendo com uma pessoa. Estão mexendo com milhões e milhões de brasileiros."
O ex-presidente Lula discursa no evento da CUT (Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress)
Na festa da Força, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) também comentou a reportagem da "Época".
"É muito grave aquilo que a revista "Época" hoje publica de que há uma investigação do Ministério Público em relação a tráfico de influência cometido pelo ex-presidente da República. Isso tem de ser investigado", disse.
"Os terceirizados trabalham em media 3h a mais [que os demais trabalhadores] por semana. Isso significa menos 800 mil empregos se a lei for aprovada", disse Lula.
Segundo ele, "90% dos empresários desejam aprovar esse projeto justificando que ele reduz os custos."
Lula "A elite conservadora acha que vai resolver os probelmas do país mandando menores para a cadeia" #1deMaioPopular
— CUT Nacional (@cutnacional) May 1, 2015
O ex-presidente comentou o fato de a Procuradoria da República em Brasília ter aberto uma investigação contra ele por tráfico de influência internacional e no Brasil, conforme afirma a revista "Época".
"Se alguém acha que vou baixar a crista por causa de insinuação esta enganado", disse.
Segundo a reportagem da revista, Lula é suspeito de usar sua influência para facilitar negócios da empreiteira Odebrecht com governos estrangeiros onde faz obras financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ele ainda insinuou que pode concorrer à Presidência da República novamente. "Estou quietinho. Mas não me chame para briga porque sou bom de briga", disse. "Não sou candidato a nada, mas vou mais aceitar provocações."
Ele ainda criticou a a redução da maioridade penal e a terceirização.
Manifestantes na festa da CUT carregam caixão com a imagem do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em crítica à aprovação na Câmara do projeto que amplia a possibilidade de haver terceirização no país (Crédito: Marlene Bergamo/Folhapress)