Este ‘past blogging’ revive os principais momentos da derrubada do presidenteJoão Goulart e do início da ditadura militar. Os horários equivalem ao que acontecia 50 anos atrás. A narrativa começa às 21h30 de 30.mar.1964 e termina em 2.abr.
Palácio Laranjeiras, Rio. O presidente João Goulart está na antessala de seus aposentos, no primeiro andar, reunido com o deputado Tancredo Neves, líder do governo na Câmara, e com o secretário de Imprensa da Presidência, Raul Ryff. Os dois tentam dissuadir Jango de fazer o discurso marcado para o auditório de suboficiais e sargentos das Forças Armadas, no salão do Automóvel Clube, na Cinelândia.
Palácio Laranjeiras, Rio. O chefe do Gabinete Militar, general Argemiro de Assis Brasil, que assegurava ao presidente lealdade dos quartéis, chega ao palácio e diz a Jango: “Está tudo pronto, o esquema já entrou em execução”.
Rio. João Goulart deixa o Palácio Laranjeiras em direção ao Automóvel Clube, onde fará um discurso para suboficiais e sargentos. Tancredo Neves, que acompanha, diz: “Deus faça com que eu esteja enganado, mas creio ser este o passo do presidente que irá provocar o inevitável, a motivação final para a luta armada”.
Automóvel Clube, Rio. Num salão lotado de militares pró-Jango, o presidente discursa sobre a necessidade de reformas de base. Ele fala sobretudo de reformas agrária, tributária e eleitoral, os mesmos temas que tinha abordado no comício da Central do Brasil, no dia 13 de março.
João Goulart discursa no Automóvel Clube, no Rio.
Automóvel Clube, Rio. Jango diz em seu discurso: “Não admitirei o golpe dos reacionários. O golpe que nós desejamos é o golpe das reformas de base, tão necessárias ao nosso país. Não queremos o Congresso fechado. Ao contrário, queremos o Congresso aberto. Queremos apenas que os congressistas sejam sensíveis às mínimas reivindicações populares”.
Washington, EUA. O Departamento de Estado norte-americano determina a todos os consulados no Brasil que informem diretamente a Washington “qualquer desenvolvimento significativo envolvendo resistência militar ou política de Goulart”.
Documento da CIA, a central de inteligência norte-americana, datado de 30 de março de 1964.
Praia do Flamengo, Rio. O senador Ernâni do Amaral Peixoto, respeitado cacique do Congresso e ex-oficial da Marinha, sentencia: “O Jango não é mais o presidente da República”.
Texas, EUA. Em seu rancho, o presidente Lyndon Johnson recebe um telefonema do secretário de Estado, Dean Rusk: “A coisa pode estourar a qualquer momento”